Análise tática: As dificuldades de um time em formação

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13/03/2017 - 11:18

Conceitos como os que Roger Machado busca implantar no estilo de jogo na equipe do Galo são conhecidamente complexos. Realizar uma forte pressão após perder a bola, sair da pressão adversária na defesa com passes curtos e rodar a bola de um lado ao outro rapidamente exigem muitos treinos para fixar o modelo de jogo na cabeça dos jogadores.

Mas as dificuldades de Roger se iniciaram ao pegar o cenário de terra arrasada do último treinador, passando pelos problemas físicos do importantíssimo Luan até a saída de Pratto e a chegada de um Elias ainda em readaptação física e técnica. Tudo influi no seu planejamento para a equipe, como por exemplo o tempo treinado com o 4-3-1-2  para acomodar Pratto e Fred juntos, ver o argentino ir para o São Paulo e novamente ter de remanejar a equipe no 4-1-4-1.

Defensivamente o time mostra sinais de evolução com a marcação por zona e buscando sempre manter a última linha de quatro bem postada. O maior problema é na transição defensiva, momento entre a perda da bola e a formação de duas linhas de quatro com Carioca entre elas, pois o time ainda falha na intensidade e na eficiência da pressão pós perda da bola e deixa a defesa exposta como na estreia da Libertadores.

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Rafael Carioca cobre o atrasado Marcos Rocha para manter a linha de quatro defensores formada / Foto: Reprodução - PFC

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Com o time postado, Marcos Rocha e Carioca voltam às suas posições naturais, mantendo organização defensiva / Foto: Reprodução - PFC

Se a transição defensiva ainda é falha, a transição ofensiva é abaixo do aceitável. O time ainda não encontrou formas de ser eficiente com a posse de bola seja para furar defesas bem postadas ou para contra-atacar. Mais uma vez reitero a complexidade em ter um time que saiba propor o jogo, como é o objetivo de Roger Machado.

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Aproximações para tabelar ajudam na força ofensiva, mas ainda não são feitas com regularidade / Foto: Reprodução

Roger busca alguns arranjos com um lado esquerdo saindo curto com triangulações entre Fábio Santos, Robinho e Danilo (Cazares). Já o lado direito é mais direto com Elias infiltrando sem a bola e ficando próximo à Fred, Otero dando amplitude pelo lado direito e Marcos Rocha ficando mais e sendo o responsável por vários lançamentos em direção ao lado esquerdo, uma jogada bastante utilizada para furar as defesas bem postadas. E para Roger melhorar a saída pela esquerda ele utiliza uma saída de três com Carioca pelo lado esquerdo potencializando o lado esquerdo com passes curtos e de qualidade.

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Marcos Rocha assume papel preponderante no início das jogadas do Atlético / Foto: Reprodução - Footstats

Entretanto a equipe ainda sofre em ter um toque de bola mais refinado por duas razões. A primeira está em Elias ser um jogador muito mais de infiltração do que de armação, o chamado elemento surpresa, como no Corinthians de Tite. A segunda é o grande dilema de Roger: Cazares ou Danilo? Se por um lado Danilo entrega muito sem a bola e é forte fisicamente, por outro entrega pouco na construção das jogadas. Já Cazares, embora irregular, fraco sem a bola e errando muitos passes, é o equatoriano quem dá o passe entre as linhas do rival, quebrando a marcação rival e sendo importante para quebrar retrancas, por melhorar a qualidade do passe e garantir ao Galo o controle do jogo.

Com Danilo sendo mais utilizado, consequentemente, o time é nulo pelo meio e só consegue criar pelas laterais, tornando-o previsível. Assim, mesmo Danilo sendo bastante útil, priorizar a técnica de Cazares para dar melhor armação e capacidade do time ir melhor ofensivamente seria uma melhor opção. Mas, o jogador esperado para dar criação no meio e ser forte na marcação é o sempre intenso Luan. Se conseguir voltar bem da lesão no joelho, o maluquinho é peça chave para o desenvolvimento da equipe.

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Saída de bola do Atlético é feita com recuo de Carioca pela esquerda

No geral o Atlético ainda é uma equipe em formação, com peças ainda ganhando ritmo de jogo (Robinho, Elias e Adilson) e outras retornando de lesão (Luan e Erazo). Será necessário mais tempo para Roger encontrar as peças ideais e ter um time mais próximo ao seu estilo. O jogo contra o Godoy foi o choque de realidade e mostra o quanto de trabalho terá Roger até encontrar o melhor time para as finais do Mineiro, os próximos jogos da Libertadores e o início do Brasileiro.

Por: @LucasSilva1908