Camisa 10 para o treinador

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13/08/2012 - 09:57

Texto enviado pelo leitor Marcelo Alvarenga

cuca x vasco bruno cantini 300x200 - Camisa 10 para o treinador

Foto: Bruno Cantini

Acordei com a certeza de que ali estava decretado o rebaixamento. Como mandamos o nosso treinador embora para trazer o antigo treinador rival? Por que escolher logo ele, que nos proporcionou risadas com choros e soco na mesa em entrevistas azuis?

Quando recebi a notícia de que o Galo tinha contratado o técnico Cuca, minha esperança praticamente desapareceu. Não sei se existiam outros nomes, se era implicância minha, mas não esqueço nem por um segundo da minha reação naquela manhã de agosto de 2011. Algum motivo especial para essa lembrança tão presente? Sim.

Kalil fez o que ninguém queria e conseguiu o que ninguém esperava. Aquele treinador chorão, emotivo e supersticioso chegou ao Galo com uma missão quase impossível. Mas para ele, que havia salvado o Fluminense do rebaixamento com 99% de chance de cair, nada era impossível. Cuca começou mal. 6 derrotas em 6 jogos chega a ser algo impensável para alguém que precisava tanto de pontos, como nosso time no ano passado. A essa altura, meu peito se encheu para dizer aos quatro ventos que eu estava certo, aquele cara não serviria para ser treinador do meu time. Desculpem-me Kalil e Cuca.

Daí pra frente a coisa se acertou. No segundo turno ficamos invictos em casa, mesmo jogando em Sete Lagoas. A Massa fez a diferença mais uma vez, mas por um simples motivo. Cuca é supersticioso, chora, se emociona, se irrita e se descontrola. Essas características lembram alguém? Não serei ingênuo de dizer que ele é Atleticano, mas que tem todos os pré-requisitos para fazer parte da Massa, isso tem.

E esse espírito, semelhante ao da torcida, contagiou o time como um todo. Os jogadores não se tornaram melhores, mas ganharam espírito. Atleticano prefere um carrinho bem dado a um lance de efeito. Um desarme com raça vale mais para nós do que um passe de letra, e assim será para sempre. Quer conquistar a torcida do Atlético? Erre e acerte, mas tente. Se mate dentro de campo. Saia com a camisa molhada e imunda, e teremos a certeza de que incorporou o nosso espírito.

Há anos eu não via um time assim, e tirando o último jogo do ano, o Galo do Cuca incorporou esse lema. Emocionante foi ver um jovem Bernard receber e aproveitar a maior chance da vida em um momento tão complicado. Contagiante é ver um jogador rodado como o Pierre se doando em campo, como se tivesse sido criado no Galo. E sobre este último, com certeza a melhor contratação alvinegra nos últimos anos. Méritos de quem? Meu não é, com toda a certeza! Mérito de um presidente-torcedor louco que apostou em um treinador com fama de azarado e chorão, mas que fez transbordar dos nossos olhos não mais as lágrimas de sempre, mas o brilho de ver um time guerreiro. Eu nem sabia, mas que saudade eu tinha desse brilho nos olhos.

Aos envolvidos nessa contratação e nessa manutenção do treinador, o meu muito obrigado. Essa semana, completou-se um ano de Cuca no Galo, e que seja o primeiro de muitos. A desconfiança vai existir sempre, mas que o time desse ano faz a gente acreditar em coisa grande, com certeza faz. Se devo esse sentimento a alguém, devo ao Cuca.

Obrigado Professor!