CANTO DO LEITOR – E O VENTO PERDEU

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26/10/2013 - 00:09

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Foto: Bruno Magalhães

Texto enviado pelo leitor Marcelo Alvarenga

O que poderiam significar 45, 90, 120 minutos na espera que já durava 42 anos? Quem disse que ainda fazíamos contas, que ainda sonhávamos com alguma glória maior do que já tínhamos obtido?

O atleticano havia aprendido a discutir sem ter argumentos, a torcer por uma camisa, a repetir piadas como “quem gosta de título é cartório” e outras bobagens mais. Era legal. Trazia prazer ver a cara de incrédulo dos simpáticos ao perceber que não conseguiam nos abalar falando dos muitos troféus expostos naquela sede.

Confesso que eu já não contava mais com algo que pudesse virar esse jogo. A graça estava ali, era torcer contra o vento, era remar contra a maré, sacou?

Mas aí vieram algumas coincidências que me deixaram confuso. Um presidente maluco, um treinador azarado, jogadores renegados, um estádio, um caldeirão, um verdadeiro cemitério.

O medo de acreditar e se decepcionar voltava. Mas por que não? Já tínhamos tentado de tudo, e até campeonato invicto conseguimos perder!

Tabús e clubes gigantes foram nos enfrentando e caindo. Um a um.

Nas arquibancadas era nítido que a Massa já não sabia o que tava acontecendo.  Chegou uma hora, que nada mais assustava ali no Horto. Podia vir o campeão do mundo, o rivalzinho da cidade, o “melhor elenco do brasil”...Caiu ali dentro, todo mundo sabia o que ia acontecer. E acontecia, não tinha erro...

Na libertadores não ia ser diferente, e provamos que não tem resultado ruim fora de casa em mata-mata. Traz pro caldeirão e aqui a gente da um jeito. Ganha nos pênaltis, defende pênalti aos 48, da baile no tri-campeão.

Vimos acontecer de tudo naquele campo. Vimos a história mudar, a maré virar.

Quiseram os Deuses do futebol que a atração principal fosse em outro palco.

Da logo dois gols de frente pra um time de tradição, tira esse time sortudo do campo deles, estraga o cenário. Agora sim, vamos ver se a história mudou mesmo.

E não é que mudou?

O que poderiam significar 45, 90, 120 minutos na espera que já durava 42 anos? Coisa pra caralho! O tempo não passava, a bola não entrava nem por decreto, mas foi do jeito que tinha que ser.

Dizem que o Maracanã na final de 50 foi o maior silencio já acontecido no futebol. Vai nessa...Pergunta pros 60 mil daquela noite, se não deu pra ouvir a bola batendo na rede naquela cabeçada do Léo Silva. Ninguém respirou naquele lance. Vai que eu respiro mais forte e aquele tal vento põe essa bola pra fora?

Dessa vez, não. A bola entrou. Acredite, a bola entrou!

Não venham com essa de que ganhamos a América. Não ganhamos nada. Nós conquistamos. Na raça, na força, no grito! A Globo nem botou o Galvão pra narrar a final, porque sabia que ninguém ali era o Brasil na libertadores. Aqui não tem essa de Brasil! Aqui é Galo, porra!

Dizem que as forças da natureza são implacáveis, não têm perdão. Escolhemos logo o tal vento pra torcer contra.  E não podia ser num dia tranquilo, tinha que ser durante a tempestade. Precisava disso tudo, Drummond?

Queria que tivesse vivido pra ver o fim dessa história.

Durante 42 anos o vento levou a melhor. A exatos 3 meses, a vingança veio com juros.

Naquele dia, parceiro, o vento perdeu...