CANTO DO LEITOR – MARROCOS É CONSEQUÊNCIA

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14/11/2013 - 14:35

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Enviado pelo leitor Leandro Pedrosa

Era 1992, e fiquei frente a minha primeira difícil escolha como Atleticano, uma camisa do João Leite ou do Sérgio Araújo. Essa difícil missão de escolher entre qual ídolo vestir me emocionava. Ainda de pano, eu ganhava nesse ano uma daquelas camisas que vinham em um kit para costurar o número nas costas. Era um dos presentes mais valiosos da época e um dos mais valiosos que eu teria na vida.

Mesmo tão pequeno o Galo já motivava cada segundo do meu dia, definia meu humor, minha motivação. Entrando no Mineirão, eu contava cada degrau, me atentava ao hino e a cada canto. Eu queria todas as cores e ao mesmo tempo só queria duas, o Preto e o Branco, do meu, do nosso Clube Atlético Mineiro. A magia era incrível e nunca se acabou para falar a verdade, porém quando criança tudo era construído em minha mente como a primeira vez. A primeira defesa espetacular, o primeiro grito de gol, o primeiro título visto. Nunca quis ser só mais um torcedor, porque sempre acreditei que torcer pelo Clube Atlético Mineiro é e sempre será uma honra, e é dever fazê-lo bem feito. Eu enfrentava qualquer crítica e sempre conseguia convencer a todos de que aquilo era maior do que eu, porque o Galo para mim era uma religião.

Os anos foram se passando e a cada dia essa paixão foi aumentando. Família, amigos, todos eles me enxergavam como eu queria, vinham em mim à alma de um verdadeiro atleticano. Daqueles que na segunda começava a sonhar na expectativa do jogo de domingo. Eu não me importava com nada, só queria ver o Galo e apoiá-lo em qualquer situação, eu queria mais de mim para ser mais para o meu time. Acreditava que aos 45 minutos do segundo tempo o meu grito motivaria uma jogada que resultaria em gol, e assim é. Como eu milhões de outros Atleticanos acreditam no poder do seu grito e faz com que o impossível seja um detalhe.

Quando eu lia durante a Libertadores, “Não é milagre, é Clube Atlético Mineiro”, ali eu me encontrava, Deus ajuda e muito, e ele nos ajudou a gritar mais alto, ele nos ajudou a não desistir nunca e o “Eu Acredito”, se tornou instrumento de fé para muitos. Vitor me fez voltar à infância, aquele garotinho que ainda sem referências, conhecia alguém chamado João Leite, capaz de tantos feitos. Vitor me devolveu a valentia daquele garoto que sempre se gloriou em ver as arquibancadas lotadas, que não reprimia suas lágrimas de emoção, que tremia de nervosismo a cada vez que chegava perto de Éder Aleixo. Enfim, o Vitor me fez acreditar mais uma vez que apesar do Atlético ter conquistado esse ano, um dos títulos mais importantes da sua história, Marrocos não será maior do que nada que já vivi com e por esse time, Marrocos pode agregar e muito, porém não me faz nem mais, nem menos atleticano. Torcer em Marrocos para mim será consequência de um amor cultivado por anos.

Eu sou atleticano de raiz. Eu sou aquele menino da fila do ingresso de mãos dadas com o pai, eu sou aquele que abraçava um desconhecido na hora do gol por sentir nele um irmão de sangue, eu sou o do ônibus lotado, o do grito de gol aos 48, aquele que corria atrás do ônibus do time, eu sou você, porque na verdade nós somos um só, uma legião de um só coração que bate forte pelo CLUBE ATLÉTICO MINEIRO.