Território da Paixão – Granada da Alegria

Por:
22/05/2013 - 00:43

granada bruno cantini - Território da Paixão - Granada da Alegria

Foto: Bruno Cantini

Não dá pra negar. Ele parou. E foi de repente, bastou um apito. Sim, meu coração parou. Quando o “Capeta em forma de guri” interceptou o passe de Egídio e aprontou uma correria, este calejado coração acelerou de maneira poucas vezes vista. E enquanto eu gritava “Vaaaaaai”, o apito interrompeu meus batimentos. Vuaden assinalou o pênalti. Ainda sem reação, procurei por Ronaldo no gramado, enquanto também olhava Luan comemorar da maneira mais comum pra ele: completamente louco!

Naqueles poucos segundos, um filme. Com resquícios de dramaticidade, terror e suspense. Ronaldinho caminhava para a cobrança e eu me lembrava do pênalti desperdiçado no último clássico do Brasileirão... Aquela era a bola do jogo. Não minto que desde o segundo pênalti cobrado por Dagoberto eu passei a temer a tragédia. Sim, seria uma tragédia perder o título para um rival inferior, após abrir uma excelente vantagem.

Se Ronaldo desperdiçasse a chance não sei se estaria aqui para contar o que senti. Acho que de desgosto o meu coração não voltaria a pulsar. Fechei os olhos e rezei. Rezei para que fosse o gol do título marcado pelo craque do Campeonato Mineiro. A tranquilidade dele me espantava, e aquela foi a última vez que olhei para o gramado. Preferi não ver. Só me lembro da camisa dez tomando distância. Nas orações, orei por nós, torcedores do Galo, que não merecíamos vivenciar o improvável. Perguntei-me o porquê de ser tão sofrido. Orei também pelo meu pai Wagner e pelos meus tios Gilmar e Guido. Poderia ser um pênalti assassino.

ronaldo sorriso bruno cantini 300x200 - Território da Paixão - Granada da Alegria

Foto: Bruno Cantini

De repente o silêncio. Acredito que naquele silêncio ensurdecedor Ronaldinho se preparava para a cobrança, pois na ausência do coração pulsando o que eu escutava era a chuteira caminhando no gramado... Enfim o grito. Uns gritavam gol, outros é campeão. A lágrima escorreu quando o bonde do Gaúcho se encontrou no escanteio para comemorar. Foi a primeira cena que vi após segundos na escuridão. O sorriso de Ronaldinho refletia o sorriso de milhões. Enfim, tudo certo em Minas Gerais. A taça caminhava para o time que realmente merece. Para o time que encanta o Brasil. Coube ao destino dar ao gênio a honra do gol derradeiro do melhor estadual do país.

Meu coração voltou. Voltou na cadência do samba de Beth Carvalho e explodiu segundos depois, junto com a “granada” lançada por Ronaldinho. Aos críticos vai a explicação da comemoração. R10 não incitou a violência. Ele jogou a “Granada da Alegria” para os cruzeirenses! Granada que faz sorrir... Até porque quem veste azul pode gargalhar ao ver Ronaldinho jogar. Mas se alguns preferirem chorar, chorem... Não vou ligar!

Obrigado a todo elenco atleticano. Comissão técnica, Presidência e jogadores! O nome de vocês já está na conquista do Mineiro. Partiu, Tijuana! A guerra continua.

Cézar Vouguinha

Apoiaremos o Galo para sempre

Atleticano, jornalista, colecionador de camisas e novamente Atleticano