Vamo que Vamo – Fé, Competência e Amor

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22/10/2012 - 23:16

Colunistas Kelly Souza - Vamo que Vamo - Fé, Competência e Amor

Bater o joelho no chão e rezar, foi o que me restou fazer hoje, já que não consegui ingresso para a “final do campeonato”. Na verdade, desde ontem que estou em prece pedindo a Deus que ilumine o coração de cada jogador do Galo, e os faça sentir o tamanho do amor que existe na camisa que eles carregam.

Levantei com o coração apertado, apesar de ser horário de verão o dia não passava e o horário do jogo parecia não chegar nunca. Acendi uma vela para nossa Senhora Aparecida, o joelho foi para o chão novamente e pedi... Pedi como se pede por uma vida, porque na verdade eu pedia por milhões delas, pedi como quem pede um alimento para matar a fome, afinal são milhares de sonhos alimentados, pedi como quem pede por um filho, pois somos mais de dez milhões de filhos.

Jogo iniciado e o coração batia no compasso do marcador, acelerado. O Galo entrou em campo como quem entra em uma batalha épica, mais do que técnica e qualidade, sobrou raça em campo. A massa ditou o ritmo e o Fluminense e a CBF dançaram conforme a nossa música.

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Foto: Bruno Cantini

Agarrada à minha medalha do Divino Espírito Santo, eu assistia a tudo calada, e mesmo diante de erros estapafúrdios, como o da anulação do GOLAÇO de Ronaldinho, me mantive calada, não era hora de desesperar. Ali em campo, os nove pontos que nos separavam do time de museu do RJ não faziam a menor diferença, e o Fluminense teve que abaixar a cabeça para jogar como o time terceira divisão que é. Quase não finalizou e fez de Victor um mero espectador da partida.

No segundo tempo, a postura do Atlético foi a mesma, continuou esmagando o time pó de arroz e teve várias oportunidades de abrir o placar. Mas se fosse assim tão simples, não seria Galo, e se não fosse Galo, não teria graça. O Fluminense marcou primeiro, gerando um silêncio na minha alma. Não era só o meu amor que estava em jogo, era uma questão de justiça. Só havia um time em campo, e esse time era o Galo, não merecíamos outro placar que não fosse a vitória. Levantei para olhar para Nossa Senhora, pedi novamente, disse que confiava em seu poder. Olhei para a vela e ela estava com a chama vermelha e forte. Me disseram para acender outra, que aquela não duraria até o fim do jogo, eu disse que a vela era apenas um símbolo da minha esperança e que tinha certeza que ela se manteria acesa.

Depois de abrir o placar, o insosso time carioca começou a fazer o que sabe fazer melhor, segurar o resultado. Poderia dar certo, se aqui não fosse o nosso Terreiro e como o mundo inteiro já sabe, CAIU AQUI, TÁ MORTO.

O empate veio como um sinal de que nada estava perdido. Deu sangue ao jogo e assustou o adversário que parecia já ter decretado o fim da partida. O segundo gol veio para apimentar a partida e os olhos, pois não houve quem não chorasse. O resultado estava ótimo, não era jogo para golear, queríamos os três pontos, queríamos calar a boca dos que não acreditam em nós, queríamos a vitória, por mais simples que fosse.

Mas o timeco do Rio de Janeiro não tem só pacto com juízes e poderosos da CBFLU, tem pacto com o coisa ruim, e ele assustadoramente conseguiu empatar o jogo. Nesse momento, olhei para o lado e meu irmão chorava como uma criança, sem saber o que dizer. Conseguiu falar apenas – “Agente não vai deixar isso assim”. Bati o joelho no chão novamente, agora pedi com mais força e olhei para a vela, ela ainda estava acesa.

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Foto: Bruno Cantini

O jogo se aproximava do fim, mas a minha fé não. Existe um sentimento que não é passivo de corrupção, que não está a venda, que é o alicerce nas nossas horas de desespero. Esse sentimento se chama vontade. E foi com essa vontade de vencer, que os jogadores do Galo continuaram a partida, o jogo só acaba quando o juiz apita, e ele não havia apitado. Eu sabia disso, Ronaldinho sabia disso e Leonardo Silva sabia disso. Com um desejo de vitória incontestável, R49 posicionou a bola na cabeça de Léo Silva, que seguro da sua responsabilidade e competência fez o gol da merecida vitória.

Não sei se entrei em transe, mas não consigo me lembrar do gol. Só lembro do meu irmão caindo no chão da sala aos prantos, mas agora de felicidade. Eu corri para o altar ajoelhei e beijei a imagem de minha Nossa Senhora Aparecida. Louvei a ela.

O jogo continuava nos acréscimos e eu mantinha Nossa Senhora em minhas mãos, agradecendo em voz alta por mais uma graça alcançada. A chama da vela apagou e nesse mesmo instante eu vi o juiz apitar o fim de uma partida épica do Clube Atlético Mineiro.

O campeonato não terminou e o final dele é imprevisível, mas os momentos que vivi hoje serão eternos. Assim como minha fé em Nossa Senhora, assim como minha fé na justiça Divina.

Ser campeão é consequência, ser Atleticano é uma escolha e uma honra.

"Vamo que vamo Galo!"

Kelly Souza

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