Visitando meus pais no interior, assisti ao jogo na rua, em um bar. Esperei o quanto pude pra voltar pra casa, e só quando começava a madrugada do domingo, entrei pela porta. Fui direto para a cozinha, sorrateiro, mas alguns segundos depois minha mãe entrava pela porta. Sabendo da minha reação de sempre, ela limitou-se a comentar – “Difícil né?”
O comprimido para dor de cabeça na minha mão mostrava que eu não queria responder, mas falei – “Dá vontade largar tudo, não ficar sabendo de mais nada, fingir que não existe.” – Ganhei o beijo de boa noite e fui para o quarto. Ao ligar o computador, vejo o blogueiro Roberto Filho, do Lances e Nuances, encerrando o blog, por não ter mais ânimo para continuar.
É isso que o Galo provoca. Desânimo, desistência. Não consigo ver um atleticano irado. O que eu vejo são faces decepcionadas, tristes, perto de desistirem, e esse sentimento é ainda mais mortal. O atleticano ainda veste a camisa, mas não quer saber se haverá jogo naquela semana, para não ter uma nova decepção. Ele já apoiou, tirou o clube de abismos, foi ao estádio como ninguém e protestou, mas nada resolveu. E agora ele teme que o labirinto não tenha fim, que a solução é somente aceitar que é essa a realidade que o acompanhará até os últimos dias de vida.
Uma presa quando se vê encurralada, tende a atacar, mesmo sabendo que dificilmente terá chances, e essa torcida está com esse sentimento. Quarenta anos de pólvora, e homens jogam faíscas para o alto a todo momento.
Não nos cansamos de comprar ingressos, não tornou-se monótono entoar o hino nas arquibancadas, pois é isso que ainda nos prende ao Galo. Estamos fartos é da covardia que apoderou-se da nossa bandeira como uma metástase, onde você retira em um ano e ela brota como mágica no ano seguinte.
Nós quase desistimos Galo, mas não vai ser tão fácil assim esses homens levarem embora nossa felicidade que é amar diariamente o Clube Atlético Mineiro. Nós vibramos com alegrias nas vitórias, e nossa maior vitória agora é derrubar quem mantém esse sentimento derrotista. Seja quem for. Doa a quem doer. O Galo é maior.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima
