EU NÃO QUERO VER O VICTOR

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29/10/2015 - 23:46

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Foto: Gabriel Castro / Eleven Brasil

Não havia outro assunto na escola. Funcionários e crianças só falavam naquela semana sobre o atleta que visitaria a meninada. Presença ilustre e que fora vista, até então, apenas pela TV e que, certamente, teria o mesmo impacto em qualquer outra escola de Minas Gerais. Quando Victor passasse pelos portões, parte dos pequenos corações iria balançar e a outra parte dos corações iria tremer.

Uma das crianças não via com bons olhos aquele encontro. Vestiu azul desde sempre e o pai era conhecido pelos amigos por ser um dos poucos que frequentava o Mineirão em jogos do adversário do Atlético. Victor era o culpado por fazer a família chorar em clássicos, impediu o estouro de centenas de foguetes estocados durantes dois anos e fez os coleguinhas se transformarem em goleiros nas brincadeiras do recreio, sempre repetindo o termo “São Victor”. A escola seria o pior local para estar presente naquele dia.

Bastou o pé esquerdo tocar o solo da escola para a meninada pular nos braços de São Victor do Horto. O goleiro Atleticano se transformou em uma verdadeira bola de crianças, mas os olhos perceberam apenas um menino afastado e com cara de poucos amigos. Quando atendeu a todos, Victor foi até a criança para saber o porquê de ele estar afastado. Resposta curta – “Sou cruzeirense”!

Já a resposta do camisa 1 veio com mais calma, naquele aspecto sereno que não muda nunca, nem com pênalti aos 48 do segundo tempo. Victor disse que não importava o time dele, que fazia questão do abraço. O garoto atendeu ao pedido do Santo e fez o que muitos fãs pelo mundo sonham diariamente. Abraçou São Victor do Horto!

Não foi o último encontro da dupla. Atualmente, a família faz um rodízio para levar a criança aos jogos do Galo, onde ele torce pelo time do coração. Mesmo tendo Victor como ídolo, o novo Atleticano admira todo o time. Ver a camisa Alvinegra passando pela casa corta o coração dos parentes, mas o pai sabe que o filho nunca foi tão feliz. Não é o único pai azul que passa por essa situação em Minas Gerais. O filho faz parte da geração que quer ser goleiro, a geração que acredita em milagres, mais uma geração que só pensa em vestir preto e branco.

*Essa é uma história real, contada pelo pai azul a um jornalista do rádio mineiro.

Fael Lima

ABRAÇO, MASSA!

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