Passou a infância, foi embora a adolescência e, junto com Marques, minha admiração por qualquer jogador também abandonou os gramados. Continuei Atleticano, indo a campo, apoiando a todos que vestissem nossa camisa até que o apito final soasse, mas pensei ter perdido aquele brilho de achar que determinado jogador nasceu para o Atlético.
Sempre aplaudi todos que vestem o manto com respeito e amor, mesmo que a habilidade não permita que seu nome fique marcado em nossa história. Faltava o cara que as crianças querem ser na pelada das ruas, o nome que os casais pretendem batizar os futuros filhos, o número que monopoliza as prateleiras de uma loja.
Candidatos vêm e vão, balançam as redes, acertam lances que merecem aplausos e todo tipo de premiação no futebol. Nas curvas da estrada, começam a imaginar que o Atlético não vive mais sem suas chuteiras modernas, sentem-se maiores que nosso Galo, dando início ao fim de tudo.
Até que um dia acordei e soube que naquela data um cara, aliás, O CARA, estaria vestindo nossa camisa. Quando o sol estava no centro do céu, um helicóptero me fez ficar estagnado em frente à TV ao te ver em nosso solo. O sol foi embora, a noite chegou, depois a madrugada, e eu, acordado, não conseguia acreditar. Quando o outro dia surgia, minha mulher foi até a sala e falou algo em tom nada festivo, mas não ouvi, ou ouvi e a cabeça não quis absorver. Ela não entendia... Era você, aqui, no Atlético.
O brilho voltou, as prateleiras ganharam um só número e as discussões dominaram as partidas de futebol entre crianças; pois todos queriam ser o gênio do Galo. Crianças com oito, 13, 20, 40, 70 anos, imaginando quantas crianças nasceriam em Minas Gerais com seu nome – Ronaldo.
Não nos importamos em continuar com a sina de não ter tradição com a 10. Você foi 49 vezes mais genial que as estrelas que se imaginavam maiores que o Atlético. Se eles viviam de queixo erguido, você abaixou a cabeça quando foi preciso, quando ninguém mais acreditava, quando as lágrimas chegaram após um gol.
O brilho voltou aos olhos da Massa e tenho certeza que aos seus também. Esses primeiros meses me trazem uma velha certeza, alguns jogadores nasceram para o Atlético. Você, Ronaldinho, é um deles.
Fael Lima
ABRAÇO NAÇÃO!