Sempre Galo

Por: Fael Lima
25/03/2012 - 08:12

Com o dia 25 de março se aproximando, comecei a me preparar para estar onde a Massa estivesse, independente da hora ou local. Entre preparativos para o jogo e o aniversário que viria algumas horas depois, o sono foi embora e consegui dormir duas horas, das últimas quarenta e duas.

O que eu penso agora? Como eu podia ter me esforçado um pouco mais e assim não ter perdido essas duas horas ao lado do Atlético. A manhã desse sábado seria como a dos outros fins de semana, onde amigos se encontram em frente à Sede de Lourdes antes de embarcarem para os jogos. Mas os abraços foram diferentes, como se todos ali estivessem aniversariando, como se celebrássemos o nascimento de milhões de vidas – As nossas vidas!

A viagem, a vitória, a festa na volta para a capital, tudo com um clima diferente, uma sensação gostosa. E digo voltar para a capital, pois não tivemos coragem de regressar até nossas casas sem que o relógio marcasse o primeiro segundo do dia 25 de março. Então estávamos novamente nas ruas em frente à Sede de Lourdes com bombas, foguetes, fumaças, sinalizadores, bandeiras, camisas e, principalmente, muito amor pelo preto e branco.

Talvez fosse legal que os dirigentes abrissem as portas dos nossos muitos clubes ou quem sabe do melhor CT do país, mas se a rua era nosso palco, faríamos ali o nosso espetáculo, afinal a rua é o mais autêntico cenário do povão, e povo é sinônimo de Galo.

Encontrei olhares curiosos pelas janelas vizinhas, enquanto homens em luxuosos ternos e carros importados paravam no semáforo logo à nossa frente. Em veículo ou residência alguma encontrei o sorriso que estava naquela calçada, aqueles gestos que transpiravam verdade, sentimentos reais, puros.

Quando encostei na porta da Sede do Atlético, vi que o porteiro estava ao lado. Cumprimentei sem deixar de olhar pros malucos que não paravam a festa, pois percebi que o porteiro, que não recordo o nome, também passava pela hipnose – “Se internarem vocês em um hospício, todos os pacientes por lá iriam melhorar. Eles teriam a chance de ver o que é ser louco de verdade.”

Sem tempo de agradecer, rir ou questioná-lo, corri para a contagem regressiva que iniciava... 10...9...8...7... Parabéns, o hino, palmas, gritos... 6...5...4... uma oração de joelhos, um louco que não parava de correr com a bandeira, uma energia indescritível...3...2...1... Clube Atlético Mineiro, 104 anos, insubstituível.

O maior medo da vida do Joubert é que seu filho um dia amasse outras cores, e agora o Joubert via seu filho ali, ao seu lado, presidindo uma torcida atleticana e se emocionando com ele. O Felipe lembrou da Sede antiga, com um escudo antigo, empoeirado, lembrou dos milhares de quilômetros percorridos atrás do Galo, dos amores que deixou para trás, carregando o ideal de nunca abandonar esse time. Então, o Felipe chorou.

O MisterGalo estava ao lado das crianças que entravam de mãos dadas com ele no Mineirão, agora homens, mulheres e, principalmente, seus amigos. Por isso o Mister Galo não segurou as lágrimas.

Ali estavam pessoas de diferentes torcidas, mas com um ideal único, um amor em comum, uma vida ao lado do Atlético.

Diante de tudo isso, não digam que o Atlético voltará a ser maior do Brasil, pois ele nunca deixou e nunca deixará de ser o maior, aquilo que deu novo significado ao futebol, convertendo os mais loucos dessa e qualquer outra galáxia existente. Sempre Galo!