Diário do Torcedor – Galo no cara ou coroa

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01/08/2012 - 19:37

Colunistas Lucas Alves - Diário do Torcedor - Galo no cara ou coroa

Era 11 de outubro de 1967. Galo e Botafogo iniciavam uma série melhor de três para decidir quem avançaria das oitavas-de-final para as quartas da Taça Brasil. Os dois primeiros jogos foram tensos, com jogadores se enfrentando com unhas e dentes dentro das quatro linhas.

As duas partidas anteriores haviam sido marcadas pela violência dos times e pela tensão que envolvia as torcidas e a imprensa dos dois Estados. O regulamento dizia que a terceira partida tinha que ser disputada no estádio do segundo confronto, que era o Mineirão, mas o Botafogo, que era treinado pelo respeitado João Saldanha, e com o respaldo da imprensa, alegou falta de segurança, pedindo a transferência do jogo para o Rio. O pedido foi julgado pelo STJD da época e o confronto foi confirmado no Mineirão.

adilson chuta ronaldo marca e manga no chão 212x300 - Diário do Torcedor - Galo no cara ou coroaGerson, antes do início do terceiro confronto, entregou uma coroa de flores ao presidente do Atlético, Fábio Fonseca, para acalmar os ânimos. O chefão alvinegro pegou as flores chutando e pisoteando-as, inflamando a Massa Atleticana, que gritava seu nome.

No primeiro jogo, o Botafogo venceu por 3 a 2, e no segundo, vitória do Galo por 1 a 0. O time Atleticano colocava sempre uma marcação dura e especial em Gérson, que estava jogando o fino da bola. Buião, que jogou esses jogos, afirmou que Gerson “dava dribles desnecessários e cobrava até tiro de meta”.

Num jogo nervoso, o empate em 0 a 0 perdurou até o segundo tempo da prorrogação. Ronaldo marcou aos 3 minutos para o Galo, pegando um rebote que o goleiro do Botafogo soltou após um chute de Adilson. O Mineirão, inflamado com mais de 80 mil pagantes, estremecia com o gol do Galo. Era uma felicidade só. O time precisava do título da Taça Brasil pelo fato do arquirrival, cruzeiro, ter conquistado no ano anterior.

Gerson, jogador que era fortemente marcado pelo time do Atlético, marcou aos 13 minutos, um gol de pênalti, empatando a partida para o Botafogo. Foi um banho de água fria em cima do time do Galo e da Massa. Ninguém parecia acreditar que o Botafogo conseguira empatar o jogo faltando tão pouco tempo para o fim do jogo.

Partida encerrada, o árbitro Armando Marques chamou os capitães Décio Teixeira, do Galo, e Gerson, do Botafogo, para o meio de campo. A partida seria decidida num cara ou coroa, como mandava o regulamento. Junto com os capitães, foram ao meio de campo os “mascotes” dos times, que eram crianças vestidas com os uniformes da equipe. Simbolicamente, a cara ou coroa seria uma disputa de sorte entre as duas crianças.

Reza a lenda que Décio, capitão do Galo, disse para o mascote do Galo pular em cima da moeda logo que ela caísse ao chão, e em seguida a chutasse longe e saísse comemorando. Não deu outra! A criança Atleticana pulou em cima da moeda, encobrindo-a, logo que ela foi de encontro ao chão. Em seguida, ele a jogou até a altura de seu joelho e a chutou. O time do Atlético saiu comemorando e o árbitro não teve nada a fazer. O time do Botafogo não foi contra, aceitando a vitória do Atlético.

Após a partida, Buião disse que "Antes de a moeda cair no chão, o Décio já saiu correndo comemorando a nossa classificação. O árbitro não tinha o que fazer. Acho que ninguém viu qual foi realmente o vencedor daquele cara ou coroa. O Armando Marques não teve coragem de ir contra o Atlético".

Essa é um dos grandes acontecimentos que envolvem a grandiosa e fabulosa história do Maior Clube de Minas Gerais. São acontecimentos incríveis como esse que enaltecem a paixão dos torcedores e a garra dos jogadores, que é marca própria do nosso Clube Atlético Mineiro.

Lucas Alves

@lucasalves32

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