Quintoube – Sangue, suor e lágrimas

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21/04/2011 - 03:45

O Quintoube de hoje traz um texto que já foi publicado, mas que volta ao blog por estarmos mais uma vez diante de uma decisão contra o América. Se os jogadores do atual time pudessem ver essas cenas, com certeza o espírito para o jogo de domingo seria outro.

Não seria por falta de testemunha que essa história seria passada ao grupo, já que Mancini é um dos jogadores presentes no vídeo. Sem dúvida essa foi uma partida responsável por converter muitos atleticanos e enlouquecer muitos outros que já respiravam o Atlético no dia a dia.

Confira:

Era um 4 de julho de 1.999, e os Estados Unidos comemoravam a independência americana nessa data. Em Minas Gerais, outro América entrava em uma batalha, mas esse não teria tanta felicidade como o país do Tio Sam.
A batalha era o último jogo da final do Campeonato Mineiro de 1999, entre Atlético e América.
Por ter feito melhor campanha na primeira fase, o Atlético entrava na final com 1 ponto de vantagem, após eliminar o Cruzeiro. O Coelho venceu o primeiro jogo por 2 a 1, com gols de Irênio e Gilberto Silva, jogadores que vestiriam a camisa do Atlético num futuro próximo. Lincoln descontou para o Galo.
Poucos dias depois, no segundo jogo, Irênio voltava a marcar, mas Belleti empatava para o Atlético. Desse empate nasceu aquele 4 de julho fantástico, onde o terceiro jogo mostraria quem era o melhor de Minas.
A torcida atleticana fez jus ao antigo nome dado a esse jogo, o “Clássico das multidões”, lotando o estádio e cantando o jogo inteiro. O Mineirão tremia, arrepiava com o hino do Galo que fazia o adversário tremer.
E quem tremeu foi Ruy, ao saber que Marques passava por ele dentro da área. O jogador desesperou-se e segurou o ‘calango’, cometendo pênalti. Marques era mais rápido que o raciocínio de todo o time do América junto. Dario Pereyra ficou de costas para o campo, fazendo com que os repórteres anunciassem que o técnico não queria ver a cobrança. Pobres profissionais que não analisaram a cena da melhor forma, pois Dario queria é ver a explosão da torcida atleticana, pois essa ofusca qualquer espetáculo dentro de campo. E quando Dario viu 86 mil pessoas pulando, não teve dúvida e correu para abraçar seus jogadores. Lincoln fez questão de nomear seu gol: “O gol apocalíptico – O fim do mundo Americano.”
Uma cena linda, mas que não seria a mais marcante daquele jogo!
Apesar da vantagem no placar, no início do segundo tempo, o silêncio dominou o estádio e todos que viam a partida quando Gallo dividiu uma bola e ficou no chão. O lance prosseguiu e Gallo levantou-se para ajudar a defesa atleticana. Ele permaneceu de pé enquanto a bola estava em jogo, mas em seu rosto o sangue escorria, caindo pela camisa alvinegra.
Um substituto já estava pronto para entrar, pois não seria possível continuar com o ferimento que não parava de jorrar sangue. O jogo prosseguia e Gallo recebia tratamento à beira de campo, enquanto o Atlético seguia com 10 jogadores.
Muitos atleticanos sequer viram o lance em que o jogador do América chutou de dentro da pequena área para uma defesaça de Emmerson. Um início de briga começava entre atletas dos dois times, mas confesso que eu só procurava por um jogador; Gallo.
E ele ainda estava de fora, fazendo com que torcedores dissessem frases como - “Por quê não substitui logo?” “Coloquem qualquer um.” “O time não vai suportar a pressão.” - Então um homem levanta do chão novamente. Cabeça enfaixada, sangue contido e um olho inchado, não pela pancada, mas pelas lágrimas que não cessavam. Sobre o corpo uma nova camisa, mas com o mesmo escudo que lhe daria forças para ir até o fim.
Ele voltou com mais força e coragem que antes, anestesiado pelo hino que ecoava no estádio. Disputava bola aérea sem se preocupar com o que aconteceria. E os gritos de ‘Campeão’ nas arquibancadas faziam com que as lágrimas de Gallo contagiassem outros jogadores.
Quando o juiz apitou, tantas cenas imortais se formaram, que nem todas as câmeras do mundo seriam capazes de registrá-las. De um Marques que corria como menino a um Mancini que beijava a camisa, da torcida que fazia uma festa histórica a Gallo, de volta ao chão, mas dessa vez para agradecer aos céus.
Quando a taça subiu a esse mesmo céu, a cor dourada que a cobria foi ofuscada pelo sangue, suor e lágrimas daquela conquista do Clube Atlético Mineiro.

ABRAÇO NAÇÃO!

Fael Lima

www.twitter.com/cam1sado2e


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