Por Lara Alves (Estudante de Comunicação Social, fotógrafa e, antes, Atleticana)
Num piscar de olhos, o que era festa foi transformado em estouros, fumaça, gritos e cacos de garrafa. O torcedor Atleticano com os filhos sob o braço, amigos ao lado e o escudo colado ao peito correu e escondeu-se atrás de muradas, árvores e carros. Num cenário que beirava uma guerra, torcedores eram atacados por soldados da Polícia Militar que numa clara falta de preparo e estratégia organizacional, permitiu a passagem de ônibus que carregavam a torcida do Colo Colo, adversário do jogo de ontem, pela avenida Silviano Brandão, nesta quarta-feira. Os visitantes mal instruídos dirigiram provocações à torcida Atleticana que, com ânimos aflorados atirou garrafas em direção aos ônibus. Os dois ônibus da torcida chilena já havia passado quando começou a confusão que deixou torcedores feridos e pais e crianças assustados. Às 21:00 o que era para ser apenas comemoração e apoio ao time (como havia se visto na famosa “Rua de Fogo”) transformou-se numa atuação acovardada da PMMG. Covarde porquê do outro lado havia policiais armados, atrás da farda que disparavam contra as pessoas, inclusive crianças que ali estavam (há quem diga que as balas de borracha deveriam ter sido disparadas contra o chão, com único objetivo de dispersar a multidão, o que não aconteceu).
(Torcedor coloca gelo na barriga, atingida por uma bala de borracha. Torcedores disseram que “Cabo Viana” era quem havia executado os primeiros disparos).
No fim, a alegria consagrada com a farra do Patric, o show particular de Carioca e Cazares foram capazes de superar o péssimo desempenho policial ocorrida 45 minutos antes da partida. Aliás, péssimo desempenho este que vem se repetindo jogo-a-jogo. As novas tentativas de cercar e colocar sobre grades o torcedor Atleticano na chegada do time é uma medida que tenta cumprir algo que nunca foi proposto. A preocupação com a organização deveria começar anteriormente a isso: a passagem do ônibus da delegação alvinegra pela Silviano Brandão deveria ser o menor dos questionamentos da Polícia. É preciso garantir a segurança dos torcedores das duas equipes (os fins não justificam os meios: a dispersão dos torcedores não justifica atirar contra eles). O fato é: O despreparo da PMMG não pode mascarar que, é preciso também que nós, torcedores, tenhamos bom-senso para entender que a rivalidade se faz dentro de campo e dos 90 minutos. Ainda bem que o Atleticano é duma gente acostumada à adrenalina. Mas nós ainda precisamos conversar sobre o despreparo da Polícia Militar no futebol (e sobre rivalidade em campo – em campo).