Esse foi um jogo para matar a saudade. Foi possível ver novamente o sorriso no rosto do atleticano em todos os lugares, enquanto a camisa alvinegra parecia uniforme do cidadão mineiro. A cada duas pessoas, uma estava com a camisa do Galo, e a outra, bem, prefiro pensar que a outra teve um momento de desatenção e colocou o manto para lavar em pleno dia de jogo. Mas a certeza que se tinha pelas ruas, é que Minas Gerais voltou a ser alvinegra.
No estádio, faixas da Força Jovem, CaeteGalo, Galo Prates, MisterGalo, entre tantas outras. Os atleticanos das “antigas”, de volta, matando a saudade da Massa. Tantas histórias do Independência, tantos casos do Mineirão, que matar a saudade trouxe mais saudade.
Antes do jogo, milhares de atleticanos confiantes, todos matemáticos. Se ganhar mais sete, não cai. Se ganhar mais nove, é sul-americana. Se ganhar mais doze, conseguimos uma Libertadores. E um audacioso falou para deixamos de sermos pessimistas, pois com quinze, o título era garantido. Que saudade dessa loucura de arquibancada!
Saudade da confiança. Até outro dia, o filho perguntava ao pai se o Galo venceria, e ele desconversava, fingia não ouvir a pergunta. Dessa vez foi diferente. O pai colocou o filho sobre os ombros para que ele rodasse a camisa, certo que, dessa vez, a vitória não escapava e um buzinaço aconteceria até o lar, criando o momento mais feliz da vida do garoto.
O atacante que quase mata a saudade que tenho de um ponta, o volante que “morde” todas e protege a zaga, o zagueiro que conta os minutos para o fim do jogo, já que a seleção o aguarda. Que saudade!
Saudade é palavra sem tradução, mas não é brasileira, é atleticana. Não há como explicar o que é saudade, mas é possível retratá-la nos dias em que o meu Galo entra em campo e todo esse espetáculo acontece nas arquibancadas.
Só não sentirei saudade dessa zona que me deixa cabisbaixo, sem sonhos, sem cálculos. E do outro lado do estádio, continua o trabalho dos matemáticos. Daqui a duas rodadas, nós os ultrapassamos. Eles estarão na lanterna na penúltima rodada. Cairão diante de todos nós. Quem são eles? A mariposa sabe de quem eu falo e do que eu tenho saudade.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima
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*Imagens: Bruno Cantini
