A festa não acabou

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06/09/2010 - 22:42

Foram 8 horas de viagem até Ipatinga. Ônibus quebrado, a fome, o calor e mais de 110 pessoas tiveram que se espremer no único ônibus que restava, para que todos vissem o Atlético em campo.

Um asfalto quente não conseguiria evaporar tamanha esperança que ali havia, de que o Galo dessa vez venceria. Eu não sei como nossos zagueiros atuaram, mas sei que vi uma raça indescritível  do cara que carregou a bandeira debaixo do sol, para que ela subisse aos céus de Ipatinga, anunciando a chegada do Clube Atlético Mineiro.

Após tantas dificuldades, imaginei que veria uma torcida calada e vencida pelo cansaço, mas a cena foi outra e me fez inclusive esquecer o jogo. Eu queria ver as jogadas dos meias, mas meu ritmo de um lado pro outro nas cadeiras não permitia. Não vi nossos gols, pois cantava o hino girando a camisa e assim foi quando ignorei os gols adversários.

Não pude crer quando olhei para o placar e vi que perdíamos, pois a torcida nesse momento cantava ainda mais alto que o Galo era sua vida.

Se o futebol fosse um universo de justiça, ele permitiria que doássemos vontade para os que nos representam nos gramados. Fosse o futebol, um esporte de resultados na arquibancada, a torcida do Clube Atlético Mineiro seria campeã mundial. Mas o futebol não é um poço de justiça e por isso, o único troféu que levamos para nossas casas é a camisa que carrega nosso escudo, pois essa é o símbolo do torcedor.

E não pensem que essa festa acabou de forma trágica, pois perdemos o jogo, mas estaremos cantando no mesmo ritmo na próxima semana, pois essa festa ainda não acabou. O Galo é como o veneno das serpentes. Pode causar dores terríveis, mas é ele quem traz também o antídoto para voltarmos a viver.

Não descrevi imagem alguma dos gramados, pois o que quero lembrar desse domingo é do garoto que carregou a bandeira por quilômetros debaixo do sol, tendo forças para cantar  durante o jogo.  Esse sim, é o espírito atleticano!

ABRAÇO NAÇÃO!

Fael Lima

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