Modelo de jogo: a maior vitória do Galo no primeiro semestre

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16/05/2018 - 09:02

É inevitável que olhemos para alguns times no Brasil para nos espelharmos na questão técnica e tática. O Grêmio, do “praieiro e nada estudioso” Renato Gaúcho, é o grande exemplo do país. Um trabalho com resquícios da filosofia implantada por Roger Machado e amplamente aperfeiçoada por Renato, tanto no ataque quanto na defesa, resulta em grandes resultados. E dois fatores principais: paciência e discursos alinhados com quem manda.

Obviamente a figura de ídolo responsável pela maior glória do clube faz crescer uma espécie de casca que protege o seu trabalho. Renato chegou a um nível que apenas assumir o Internacional arranhará um pouco da sua imagem com a torcida que o venera. Dificilmente vemos times brasileiros com características próprias implantadas durante um período consideravelmente longo, até porque nenhum trabalho no país dura o tempo suficiente para que a teoria se torne uma prática concreta.

larghi - Modelo de jogo: a maior vitória do Galo no primeiro semestre

Larghi vem acertando o time do Galo mesmo ainda estando, oficialmente, na condição de interino / Foto: Bruno Cantini (Atlético)

Falar de exemplos europeus é mais do mesmo. Podemos ir bem perto. Além do Grêmio, o Corinthians colheu os frutos de um trabalho iniciado após o seu rebaixamento. E olha que tentaram acabar com esse planejamento por diversas vezes, com Adilson Batista, Mano Menezes, Oswaldo de Oliveira, até ver que a solução estava em casa, quando o colocaram num momento em que nada se esperava de grandioso para o clube.

Mas o que o Galo tem a ver com isso?

Metodologia

atletico - Modelo de jogo: a maior vitória do Galo no primeiro semestre

Foto: Bruno Cantini (Atlético)

É interessante ver que o planejamento feito para a temporada está sendo mantido. Planejamento que começou tarde e por um funcionário da área de análise de desempenho. Relevem os discursos de quem tentará se aproveitar do excelente trabalho do Thiago Larghi. Se dependesse dos que se vangloriam disso, o time ainda estaria sob a batuta de Oswaldo e seus miquinhos amestrados, como Arouca, Samuel Xavier, Danilo e Hyuri. Há outros, mas citei estes que já saíram/não estão nos planos, e foram pedidos pelo irmão do Waldemar.

O trabalho acima do esperado que o Larghi vem fazendo é ajudado também pela mentalidade de grande parte da torcida que, pasmem: entendeu que não dá para cobrar resultados de Real Madrid exigindo o imediatismo de uma aprovação no vestibular. Desde a (inexplicável) saída do Levir, o time se transformou numa espécie de cobaia nas mãos de seis técnicos num intervalo de menos de dois anos, e o resultado tendia a ser o mesmo: um Galo irregular, mas que sempre era tido como capaz de chegar longe nas competições pela qualidade individual de seus jogadores, o que é pouco notado quando se há um coletivo em harmonia. Pela primeira vez desde 2016, temos.

Tempo, mano velho

galo - Modelo de jogo: a maior vitória do Galo no primeiro semestre

Foto: Bruno Cantini (Atlético)

Se as últimas derrotas, especialmente no Mineiro e Sul-Americana, esfriaram a relação entre torcida e time, ficou ainda mais provado que a paciência com o trabalho do Larghi deve ser preservada, levando em conta as atuações do time desde que ele assumiu, com raras exceções. São poucos meses onde já deu para colher bons frutos, como as recuperações de Adilson e Cazares, a nova função do Luan (exige tempo para aprimorar) e a boa fase do criticado Róger Guedes. São pontos que podem ser questionados com o tempo, e serão quando o time oscilar no campeonato. E não se enganem: o time vai oscilar.

Não queremos ser profetas do acontecido. A classificação hoje é muito importante para coroar o primeiro semestre do Larghi e do Galo. Mas é necessário termos aquela ponta pessimista para não jogarmos tudo no lixo. Num futuro bem próximo, ao que tudo indica, o Galo terá tudo o que é necessário para estabelecer uma distância considerável de outros clubes brasileiros: um novo estádio, rendas mais altas (o que não pode significar ingressos mais caros), mais investimentos de patrocinadores e apoio da torcida. Essa equação se inicia com a implantação e aposta num trabalho contínuo.

E vamos que vamos, porque merecemos essa classificação contra a Chape!