Acima do Distintivo
Por: Paulo Henrique
04/03/2017 - 11:37
Por Roberto Marques (Betinho)
Talvez estejamos acostumados com o sorriso farto e caricato do senhor beija-flor...
Muitas vezes até se perguntem em que e qual o motivo de tanta alegria. Pois é, acima do distintivo tem uma Estrela, tem uma Estrela acima do distintivo...
Dario é o nome do gênio da fé.
Em breve relato, conto-lhes que para tal Estrela caminhar em nosso altaneiro peito fora preciso superar as inúmeras dores do mundo.
Aos cinco anos de idade viu sua mãe morrer queimada, a partir daí teria a certeza que nada seria fácil em sua vida.
O mundo que enxergava era sujo, inóspito, sem brilho.
O menino da estrela amarela não tinha ali amigos, mas sim comparsas. Fugia da escola interna para libertar suas frustrações.
O mundo do crime queria a Estrela amarela, mas o destino não permitiu.
Após tentar inúmeras vezes passar num teste no Campo Grande, Dario conseguiu a façanha de ficar no clube para comer.
Dario era o genuíno atleticano, acreditava no que ninguém apostava e até Deus comprou sua fé.
Começou a "chutar bola" aos dezenove anos e nunca aprendeu.
Conta-se a lenda que Deus reuniu por breves e proveitosos momentos com Dario e o beija-flor, afinal, o criador tinha o mundo e a Guerra Fria para mediar.
Foi assim, esbanjando carisma, que entrou para o Campo Grande do Rio de Janeiro.
Num dia iluminado, dando caneladas e chutes de bico, após mais uma troca de técnico do clube fez três gols no treino e ganhou direito de jogar bola para ter um prato de comida.
Foi numa compra com dinheiro do bolso e por indicação de um bêbado, que o diretor do Atlético Jorge Ferreira, em 1968 "carregou" o artilheiro que não sabia jogar bola para o Atlético.
Em BH, Dario nem era visto como reforço, zombavam dele e até de gandula o faziam.
Contudo, não se esqueçam:
O criador tinha batido um papo rápido com ele e o beija-flor havia dado dicas de posicionamento para que sua estrela amarela brilhasse...
Brilhou em plena Guerra Fria, contra a URSS, entrou vaiado pela torcida e saiu como herói da vitória. Virou o jogo e trilhou seu início, em busca da estrela amarela...
Acostumado a jogar para 50 pessoas, seu mundo a partir dali era jogar para 50.000.
Caminhando contra o vento, subiu aos céus no dia dezenove de dezembro de 1971. Antes, porém, de cumprimentar as redes do Maracanã, agradeceu a Deus e fez o Brasil saudar o primeiro CAMpeão Brasileiro.
Aquele que encantou Silvio Santos no programa do SBT, aquele que jogou uma final no Inter e ficou na concentração com o manto alvinegro, aquele que não sabia jogar bola deixou a constatação final:
A estrela, a amarela, pois é, não era amarela. A tal Estrela é Dourada e não oxida ao tempo, se perpetua a cada lágrima de um olhar...
Hoje é 71 do Dario, o Dario do 71 e do brilho do olhar atleticano!
Hoje vou lubrificar a Estrela Dourada deste manto com as lágrimas do olhar terno da gratidão!
Tem uma Estrela acima do distintivo, acima do distintivo tem uma Estrela!