O Fluminense conquistou o Campeonato Brasileiro nesse domingo, algo que se desenhou no meio do segundo turno da competição. Em determinado momento a diferença de pontos entre o clube carioca e o Atlético parecia existir exclusivamente por conta dos erros de arbitragens. Sim, eles aconteceram para todos os lados, muito mais para o lado tricolor, mas não foram eles que tiraram mais um título nacional do Galo.

Um time que deseja ser o Campeão Brasileiro não pode ficar um turno inteiro sem vencer como visitante. Somados os jogos da primeira parte da competição, o Galo não consegue vencer fora de casa desde julho. Além disso, o time pecou na hora de decidir. Nas últimas dez partidas que disputou do Brasileiro, a equipe de Cuca venceu apenas três vezes. Fatos que passaram despercebidos por parte da torcida, cega nessa ira contra arbitragem, CBF e STJD.

Não sou mais um jornalista que vai pregar aquele blá blá de arbitragem limpa e sem esquema para favorecer time A ou time B.Vou apresentar alguns fatos e fazer uma pergunta. A partir da resposta, seja qual for, reflita bastante sobre o assunto. Depois de arrumar a gestão do clube, de montar um time forte e recuperar a confiança do torcedor, o próximo passo do Atlético é exorcizar alguns de seus fantasmas. Um deles, é claro, a arbitragem.

Ao mesmo tempo em que não sou leviano de acusar sem ter provas, também não vou defender algo de um meio corrupto. E corrupção é a palavra em questão. O Brasil é o país do jeitinho. Desde a “cervejinha” para o guarda ao esquema do mensalão. De acordo com a ONG Transparência Internacional, o Brasil é apenas o 73º colocado entre os mais países menos corruptos, com a pífia nota de 3,7 (10 é a máxima). Nota essa que piorou em relação a 2010, que foi de 3,8.

A corrupção está nas entranhas do país, basta uma rápida pesquisa na internet para achar notícias com desvio de dinheiro, superfaturamento e favorecimento a determinados grupos. E até mesmo de pessoas ligadas ao futebol brasileiro temos notícias desse tipo. Para não ir muito longe, lembro que dois ex-presidentes de Atlético e Cruzeiro têm problemas na justiça. O Atleticano Ricardo Guimarães foi condenado por participação no mensalão, enquanto o cruzeirense Alvimar de Oliveira Costa é investigado por conta de fraudes em licitações.

No Rio de Janeiro, sede da CBF, o ex-presidente do Flamengo, Edmundo dos Santos Silva foi algemado na Avenida Rio Branco por conta de fraude no INSS. De acordo com notícias da época, o tombo foi superior a R$ 1 bilhão. Até quem mandava no futebol brasileiro teve de sair correndo do país, pois já estava com lama até o pescoço. Assim terminou a Era Ricardo Teixeira.

Dentro do futebol, o caso mais recente e marcante é de Edílson Pereira de Carvalho. Então árbitro, que fabricou ou tentou fabricar o resultado em 11 partidas do Campeonato Brasileiro de 2005, envolvido com a Máfia das Apostas. Ele foi o único juiz de futebol julgado e condenado pelo caso. Não se sabe se o caso foi isolado, se continua até hoje ou se realmente acabou.

Mas diante de todo o histórico do Brasil, da corrupção presente em todos os meios da nossa sociedade, com os cartolas envolvidos em fraudes e esquemas em suas vidas pessoais e os valores que envolvem o futebol atual, eu faço a pergunta: É possível acreditar que a arbitragem é o único setor livre de corrupção no Brasil?

Doutor Zé do Galo

Um jornalista Atleticano!