Até o fim

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10/10/2011 - 19:20

galo doido arquivo pessoal 300x225 - Até o fim

Confesso que sou um apaixonado por histórias de guerra, relatos das grandes batalhas do mundo, os heróis, os momentos épicos. Como também sou apaixonado por futebol, digo, pelo Galo, procuro sempre encarar o dia a dia ao lado do alvinegro como uma guerra. Precisamos derrubar gigantes, estudar o inimigo a cada jogo e procurar sempre cravar nossa bandeira no topo da montanha, como vitoriosos.

Sempre foi fácil fazer parte da Massa atleticana, pois essa é uma arma secreta, já que tantas vezes distraiu zagueiros que olhavam para o alto, hipnotizados. Em batalhas irreversíveis, íamos pra cima de tudo e todos, gritando o mais alto que podíamos. Sábado não foi assim. Já fui a jogos no interior, fora do Estado, mas nunca vi uma arquibancada tão vazia, e o pior, um povo tão calado.

Por trapalhadas dos generais, entrei no portão do inimigo. Sem meu manto alvinegro, sem bandeira, sem as faixas. Tinha a certeza que não aguentaria segurar o grito de “Galo” por muito tempo. Ao meu lado, americanos me olhavam desconfiados, já que nunca me viram por aqueles lados. E eles conhecem soldado por soldado, já que não são muitos.

Alguns amigos, também atleticanos, desciam as escadas quando meu celular tocou e o hino do Galo ecoou em pleno território inimigo. Não havia como justificar (e eu não queria), então, Dalton, o amigo que descia a escada percebeu que haviam descoberto a invasão e ergueu os braços como fazia Reinaldo. E assim foram se levantando um a um, até que todos os alvinegros camuflados pelas cadeiras dispararam – Gaaalooooo.... Galooooo.... Galooooo.... A coragem e ousadia que queríamos ver em campo estavam fora dele.

Passamos pelas cordas que nos separavam e nos juntamos à Massa. Os olhares não eram dos mais felizes. Era possível enxergar a angústia no fundo daqueles olhos.

Os otimistas que não suportavam os pessimistas nos estádios deixaram de ir ao campo deB4 300x225 - Até o fim batalha, estão desistindo do Galo e quem ficou para apoiá-lo passou a ser minoria, por isso os gritos de incentivo não conseguem ser maiores que as vaias. O general Kalil já não tem poder de convocá-los e o exército criou seu próprio comando, mesmo que dividido em facções.

Com vinte minutos de jogo, alguns já não tinham voz para cantar, mas o coração e o pulmão dos que vaiam são mais fortes e eles tomaram conta do restante da partida. Aquele era o retrato da queda atleticana. Não ganharemos batalha alguma, enquanto não resolvermos nossa guerra civil. Jogador contra torcedor, torcedor contra presidente, presidente contra presidente.

Os matemáticos erram, pois se prendem às tabelas e não enxergam o que acontece nas arquibancadas, nas trincheiras, entre os soldados que já não sabem que bandeira querem defender.

Quando um soldado olha para o rosto do seu comandante, ele precisa ver coragem, certeza da vitória, mesmo quando o inimigo tomou quase todo o território. Com Cuca não é assim, o olhar é sempre triste, as frases sempre depressivas, o pensamento sempre de um derrotado. A palestra motivacional deve ser quase um desabafo da pessoa e não do profissional. A batalha começa com um ponto a favor para o adversário.

E assim o goleiro não faz milagre, o outro time cresce, o atacante anda em campo. O empate é vitória para os covardes que só temem uma goleada. O empate veio e com ele veio o sentimento que já não é possível reverter nossa situação.

Essa foi uma das batalhas que me deu mais uma cicatriz, mas uma cicatriz interna, daquelas que aparecem quando machucam aquilo que amamos. O Galo não caiu e se depender dos verdadeiros atleticanos, quinta a arquibancada estará lotada. Deixe para guerrear contra administradores em dezembro. Agora é o destino da nossa pátria em jogo e é você quem fará a diferença. Saia daquele estádio sem voz na próxima partida e, mesmo que o resultado positivo não venha, você se sentirá um herói de guerra por defender sua bandeira até o fim.

Chegou a hora de justificar os versos que cantamos – “Uma vez até morrer” – Eu estarei com o Galo até o fim. E você?

caminho do galo 300x189 - Até o fim

ABRAÇO NAÇÃO!

Fael Lima

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