A ausência do alvinegro (parte II)

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27/02/2010 - 16:11

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O mundo parecia ter chegado ao fim, quando a maior das paixões foi extinta em todos os 4 cantos da Terra. Sem perceber, todos foram aceitando as regras impostas subliminarmente, em não mais citar as glórias ligadas ao Clube Atlético Mineiro, desaparecendo misteriosamente quem descumprisse as regras.
Achei então que já não havia sentido em viver sem minha camisa, sem minha família atleticana batendo palmas após as derrotas e cantando por horas após as vitórias. Resolvi abrir meu baú, vestir minha armadura com bandeira, camisa, chapéu, calça e até mesmo pintar a pele de preto e branco, planejando correr pelas ruas como o último defensor dessa paixão.
Porém, já na primeira foto que peguei, faíscas começaram a cair sobre a cama, vindo também uma forte ventania quando segurei a bandeira. Raios batiam na janela ao pintar minha pele, e uma enorme explosão aconteceu quando vesti minha camisa preta e branca.

Ainda entre a fumaça, duas pessoas me seguraram pelos braços e me puxavam, sem reação alguma da minha parte, pois não eram estranhas as fisionomias dos mesmos. Eram Zé do Monte e Cincunegui, sendo que o uruguaio é quem me arrastava repetindo a frase: "Cállate y me siga."
Assim que passamos por uma enorme porta, conheci um novo lugar, difícil de descrever, mas que lhes asseguro jamais ter sentindo arrepio parecido em toda minha vida. Ali estavam parentes, amigos, conhecidos, crianças, idosos, homens e mulheres, todos com uma característica em comum... vestiam a camisa do Atlético.
Estavam cansados, não desse mundo de céu e oceano azul, pois até eles se rendiam ao show que fazia essa nação alvinegra, mas o que lhes fez criar esse mundo, foi o fato de serem incompreendidos, injustiçados, apaixonados demais para uma sociedade que dizia ser fanatismo desnecessário, um amor tão puro.

Em meu novo endereço, fiquei vizinho do Meireles, Humberto Ramos, Kafunga, João Leite e mais uma turma inesquecível, mas eu gostava mesmo é de conversar com o "Júlio, o mais amigo", afinal ele foi um dos que mais lutou por aquele mundo.
Nos hospitais quase tudo era curado com o simples toque de uma bandeira ou qualquer item que continha o escudo. Nas escolas haviam aulas de história, religião, filosofia, entre outras, todas com o tema principal, Atlético.
Os jogos aconteciam a todo o momento, mas nem sempre formados pelos jogadores que aqui passaram, pois normalmente metade da escalação era composta por torcedores, e até mesmo Margival Mendes Leal arriscava entrar em campo ao lado de Elias Kalil, observado pelo seu filho Alexandre, que não abria mão de ficar somente na arquibancada.

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Um mundo inteiro de pessoas que sempre tiveram a certeza que nem toda a injustiça de juízes, má fé de administradores, descaso da mídia, fariam com que desistissem, pelo contrário, cada vez eles cantavam mais alto. Ninguém sabe como começou a construção desse mundo, mas ouvi falar que do outro lado da cidade moravam 22 garotos desde 1908, assim como dona Alice Neves, iluminada ao criar a primeira bandeira desse mundo.
No dia a dia ficava a certeza de um lugar perfeito, onde se respirava o Galo 24 horas por dia. Não havia saudade de nada no antigo universo colorido e ninguém pensava na hipótese de dizer adeus para esse cenário.

Até que numa manhã, subiram ao topo da montanha mais alta, todos aqueles homens que construíram essa história, e anunciaram que devíamos voltar às nossas vidas de antes. Ninguém questionou, pois sabiam que estavam ali os homens mais sábios ligados ao Galo.
Os jogadores do início da década começaram a nos contar como sofreram preconceitos quando tomaram a decisão de que o Galo seria time de branco, preto, pobre, rico, o que serviu como incentivo para que dobrassem o tamanho da vontade em ver aquele sonho tornar-se realidade. O mundo também parecia imperfeito, mas era necessária a presença de todos juntos para que prevalecesse o sonho alvinegro, e que esse seria nosso tempo de fazer revolução novamente.

Entendemos a mensagem e juntos demos as mãos, como numa oração, começamos a falar a letra do hino, seguido do grito de Galo. Então uma nova explosão aconteceu nos céus, levando cada um à sua casa, à sua vida de antes.
Desde então cada dia passou a ser um desafio na vida do atleticano, ignorando a imprensa que não o apóia, deixando de lado os juízes desonestos, esquecendo cada derrota. Todos com o ideal de fazer um Planeta Terra idêntico àquele mundo alvinegro que deixou saudades.
Não diga que é impossível! Comece amanhã a gritar Galo mais alto, a vestir sua camisa nas horas difíceis e bater no peito quando usá-la, ensine um verso do hino pra uma criança, ouça de um idoso as histórias de um Mineirão  da década de 60. Então veremos que não é impossível trazer para nossas vidas, esse mundo onde uma ferida se cura com esse escudo, um sorriso se abre a cada gol, ou a cada dia que nasce e traz a certeza que nossa história é imortal.
O Atlético, nosso Galo, será eterno e jamais estará ausente enquanto cada um carregar dentro de si essa chama de paixão, esse espírito de revolução e a certeza que para um mundo ser perfeito, basta o Atlético existir.

ABRAÇO NAÇÃO!
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