Bendito seja aquela criança que nascia em 21 de janeiro de 83 e mal sabia o que o destino lhe aprontaria.
Bendito seja o zagueiro envolvido na troca e a ousadia de um turco destemido.
Bendito seja aquelas quartas de finais, bendito seja um horto incendiado, as máscaras aterrorizando, o zagueiro xerifão, o primeiro milagre operado por um santo ainda não canonizado.
Bendito seja uma bola lançada do campo de defesa adversária, que ao tocar o chão, tocou a trombeta de um silêncio ensurdecedor.
Maldito seja Patrício Poli!
Bendito seja o descrente a Deus que nessas circunstâncias já se agarrava em um terço próximo ao coração, bendito o Ateu que durante a corrida do atacante pra bola, achou tempo para uma oração.
Bendito seja Riascos que ao parar a bola na marca da cal, se viu tão pequeno diante de um santo quanto um pobre mortal.
Bendito seja a bola que não foi no canto, foi direta no pé de um futuro santo, bendita a perna levantada, BENDITA A HISTÓRIA DE UM SANTO ALÍ CANONIZADA!
Bendita uma longa história de azar chutada com aquela bola pra fora, pra que todo um povo preto e branco voltasse a acreditar.
PEDRO SOUZA