Longe dos gramados, Tucho tem boas recordações dos seus jogos pelo Atlético. O jogador fez história em um dos clássicos mineiros, ao marcar um memorável Hat-Trick contra o Cruzeiro!

De um lado Guilherme “ex-Galo”, do outro Alex Mineiro “ex-Cru”, dois ídolos vestindo a camisa do rival em um clássico que teria tudo para ter dois protagonistas, mas o dono do jogo veio do América Mineiro. O nome dele? Tucho!

Anderson Cordoval de Barros (40), mais conhecido como Tucho. “O meio-campista que atuou nas temporadas de 2003 e 2004 pelo Atlético foi um carrasco do Cruzeiro, ao marcar três gols em um clássico.” O Camisa Doze conversou com o ex-jogador alvinegro, que nos contou boas histórias de sua época no Galo. Confira, na segunda entrevista do #BoleiroDoGalo:

29 de fevereiro. Data que só acontece em anos bissextos e que em 2004 foi especial para você, Galo 5 x 3 Cruzeiro: três gols do Tucho! Qual foi a sensação ao marcar três gols contra o Cruzeiro?

Não tem como esquecer deste dia, 29 de fevereiro de 2004. Além de tudo um ano bissexto. Onde teve esse clássico entre Atlético x Cruzeiro no Mineirão. Torcida dividida, Mineirão Lotado, 59.999 torcedores, coisas que hoje não existem mais. Onde ganhamos de 5 a 3 e eu pude fazer três gols. Naquele momento eu entrava para a história de ser o único jogador do Atlético a fazer três gols contra o Cruzeiro no Mineirão. Então não tem como esquecer. Foi maravilhoso, foi fantástico e até hoje eu sou lembrado por isso e é uma satisfação enorme.

Curiosidade 1:

• Em 1927, o Atlético venceu o Cruzeiro por 9 x 2; e dois jogadores fizeram três gols, Said e Jairo, no antigo Campo do América.

• Em 2010, o atacante Obina marcou três gols sobre o Cruzeiro, no Parque do Sabiá, em Uberlândia.

• Em 2011, o atacante Diego Tardelli fez três gols contra o Cruzeiro, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.

• Logo... Tucho é o único jogador do Atlético a marcar três gols contra o Cruzeiro no Mineirão.

Você tem algum caso curioso daquele dia?

Uma coisa que me marcou muito nesse clássico, é que antigamente o Mineirão era com torcida dividida. Na teoria (50/50%). Mas agora, infelizmente, é 90% para o mandante e só 10% para o visitante. Eu não concordo com isso hoje, mas já que é para a segurança dos torcedores, enfim... mas que era muito mais gostoso antigamente, sem dúvidas. O Mineirão era dividido por um cordão de isolamento, e a torcida do Galo literalmente empurrava a torcida do Cruzeiro, encurralava, tomava conta do lugar. Lá do vestiário a gente escutava a torcida (risos). E eu lembro que nesse dia, a torcida do Galo estava infinitamente superior (mais risos). Durante o jogo, a torcida do Galo apoiou o tempo todo, e o apoio foi um combustível para a nossa vitória, e no final deu tudo certo!

Curiosidade 2:

• Tucho também participou de outra goleada do Atlético em 2004, foi contra o Flamengo, pela 41ª rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano, no Ipatingão: Galo 6 x 1 Urubu.

Perguntado sobre o jogo, Tucho respondeu:

Lembro, lembro muito do clássico contra o Flamengo. Ganhar de 6 a 1 sobre o Flamengo não tem como esquecer. Eu lembro que na véspera, no treino do professor Mário Sérgio (técnico do Atlético na época), eles liberaram os portões para o treino, e estava cheio o Estádio Ipatingão. Alguns xingavam, já que o momento não era bom, outros apoiavam... e em certo lance, dois atletas nossos tiveram um desentendimento (o zagueiro André Luiz, e o goleiro Danrlei), com isso a torcida começou a vaiar, xingar... até que o professor acabou o treino com 10min antes do esperado. Fomos para o hotel, o professor deu um sermão em todos nós, a torcida ficou indignada. No outro dia, graças a Deus deu tudo certo, e conseguimos aquela vitória maravilhosa que não tem como esquecer.

 Você trabalhou com Mário Sérgio, que infelizmente foi uma das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense. Qual é a lembrança do ex-treinador atleticano?

Minha relação com o Mário Sérgio era excelente, igual era com todos os jogadores. Sempre com muito respeito e profissionalismo. Pena que durou pouco tempo. Não sei o período exato que ele ficou no Atlético, não lembro se perdemos ou empatamos um jogo contra o figueirense, isso em 2004, e naquele jogo ele foi demitido.

O mais triste foi não só pelo professor Mário Sérgio, mas toda a tragédia com o avião da Chapecoense, aquilo até hoje todo mundo acha que é um sonho, que vai acordar, principalmente os familiares dos jogadores. Escutamos os relatos dos sobreviventes e realmente foi e ainda é muito triste.

Curiosidade 3:

• Mário Sérgio foi treinador do Atlético no ano de 2004. Em 9 jogos no comando do Galo, conseguiu apenas 3 vitórias e foi demitido após a derrota para o Figueirense por 2 a 1, no dia 27/11/2004, na cidade de Ribeirão Preto. Jogo válido pela 43ª rodada do Campeonato Brasileiro.

• O ex-treinador atleticano foi uma das vítimas fatais na queda do avião que transportava a equipe da Chapecoense para Medellin, onde disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana em novembro de 2016.

Foram 61 jogos e 11 gols pelo Atlético: Como você resume a sua passagem pelo clube alvinegro?

Posso dizer que na minha passagem pelo Galo... eu oscilei. Tive grandes momentos, outros difíceis, então posso classificar assim. Momentos que sai carregado, momentos que a gente não ganhava, momentos que eu não jogava, momentos que eu fiquei no banco, momentos que eu ganhei... então vivi todo tipo de situação no Galo. São coisas que acontecem no futebol, né? Mas, sobretudo, foram momentos inesquecíveis, grandes momentos que vou guardar para sempre na minha vida!

O que o Tucho tem feito atualmente?

Hoje basicamente tomo conta das coisas que adquiri ao longo da minha carreira, e no mais, brinco com meus amigos...

“Eu sou o motorista do Luca, o Luca é o meu filho de 12 anos. Levo na aula, busco na aula. Levo no inglês, busco no inglês. Levo no futebol, busco no futebol... (Risos), isso é brincadeira, são coisas que eu faço com o maior prazer, e é gostoso poder aproveitar esses momentos com o meu filho. Isso passa muito rápido, outro dia ele era uma criança, hoje está com 12 anos, daqui a pouco ele estará com 18, dirigindo, e eu vou sentir falta de levar e buscar ele dos lugares, mas é isso ai... (mais risos).”

E assim encerramos a prosa com o único jogador atleticano, que marcou três gols contra o Cruzeiro no Mineirão, em mais de 55 anos de clássicos naquele estádio.

Na próxima semana, mais um ídolo do Galo será entrevistado no #BoleiroDoGalo.

Um abraço e até mais!

Assista os três gols de Tucho no clássico: