Boleiro do Galo #05 | Vanderlei, o autor do gol que o Fábio não viu!
Por: Camisa Doze
17/07/2020 - 15:14
Pelo Atlético, Vanderlei José Alves (41), mais conhecido como Vanderlei, fez história ao marcar um gol antológico no Mineirão, o famoso gol que o goleiro Fábio não viu!
29 de abril de 2007. Data do primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro daquele ano. O local? Estádio Governador Magalhães Pinto. Para os íntimos, Mineirão!
Mais de 38.600 pessoas foram prestigiar de perto, aquele que é considerado o maior clássico estadual: Atlético x Cruzeiro. Naquele jogo, aos 43 minutos do segundo tempo, o saudoso narrador Willy Gonser (que nos deixou em 2017), descrevia aquele que seria o terceiro gol do Atlético. Até que, por culpa de um meteoro, foi interrompido pelo comentarista Roberto Abras (hoje no Jornal O Tempo).
O lendário “Velho Abras” foi o primeiro a observar o tal meteorito, logo depois, o público presente no Mineirão, o terceiro a observar foi Willy Gonser. Todo mundo viu o meteoro... exceto uma pessoa, o Fábio (goleiro do rival). O nome do meteoro? Vanderlei: Galo 4. Cruzeiro 0!
Quando se fala de Vanderlei, a primeira lembrança que vem na mente de todo atleticano, é daquele gol antológico marcado no primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro de 2007. Qual é a sua lembrança daquele dia?
Fico feliz pela lembrança e pelo carinho que o torcedor atleticano sente por mim. Ficar marcado na história de um clube da grandeza do Clube Atlético Mineiro, para mim não tem preço. A lembrança que eu tenho é do primeiro jogo da final. Muita expectativa criada ao longo da semana, por se tratar de um clássico e enfim, um dia inesquecível.
“Vi o gol do Vanderlei, e o Fábio lá de costas a chorar....” | Qual é a sensação em saber que você é homenageado em um dos principais cânticos da torcida do Galo?
A sensação é indescritível, né. Única, eu diria!
Foram quase dois anos vestindo esse manto sagrado, mesmo sabendo que em alguns momentos era contestado por parte da torcida. Toda vez que tocava na bola, as vezes eu ouvia vaias, mas, por minha parte, sempre existiu muita luta, muita entrega, dedicação e um carinho muito grande pelo clube, jamais deixei de honrar essa camisa.
Então fica aqui o meu carinho, meu agrado, sabendo que com essa música, com um gol meu que foi feito, né. Sempre ficarei lembrado por esse momento único que aconteceu!
Em 2007, você foi Campeão Mineiro pelo Atlético, equipe comandada pelo técnico Levir Culpi. O que falar sobre Levir?
O Levir está na história do clube. O que dizer de um treinador que ganhou tudo? O currículo dele já fala por si só!
Ele tem o meu respeito e admiração, um excelente profissional. Um cara do bem, sempre fez o que era correto, mesmo me deixando na reserva às vezes (risos), mas teve uma hora que ele não teve como segurar e eu acabei entrando e “agarrando”, vamos dizer assim, a oportunidade de estar jogando. Então, fica aqui o meu carinho, o meu reconhecimento por esse cara que é tão fantástico.
No período que trabalhamos juntos, depois ele acabou indo para o Japão, e eu lembro com muito carinho a torcida cantando: “Hey, Levir. Não vai embora não. Ano que vem, nós vamos pro Japão!”
Bem no dia da final, isso chega até a arrepiar.
Outro jogo que você teve boa atuação pelo Atlético, foi na goleada por 5 a 2 sobre o Corinthians. Pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2007. Naquele dia, você marcou dois gols, sendo um deles de pênalti com “cavadinha”. Em quem você se inspirou naquela cobrança?
Na verdade, foi coisa de momento. O jogo estava 0 a 0, eu, particularmente, estava sendo criticado e muito contestado. Até porque grande parte da torcida gostaria que o Marinho estivesse jogando. Ele foi fundamental no acesso do Atlético no ano anterior e eu entendia isso, mas o próprio treinador, que era o Emerson Leão, acreditava muito em mim e isso foi preponderante para que eu continuasse jogando. Ele me deu a oportunidade, e quando se dá oportunidade a gente não pode desperdiçar, e o estilo da cobrança do pênalti foi de momento.
Inclusive, no outro dia, na reapresentação com todo o grupo, ele reuniu comigo em particular e falou: “Olha, foi bonito, foi legal, bacana. Que bom que o goleiro caiu, saiu né. Pois se o goleiro tivesse ficado, teria outra história e você iria ficar com aquela cara, né?”
Então ele me pediu para eu não fazer mais, e eu prontamente também, até dei uma risada, mas... enfim. Mas foi isso, acho que foi bacana, acho que o jogo foi de suma importância para que a gente desse uma guinada dentro do campeonato.
60 jogos, 15 gols, 1 título. Resuma a sua passagem pelo Atlético:
Bom... a gente sempre pensa, né e fica com um gostinho de poder ter feito mais, de ter um espaço até maior. Talvez, na época se eu tivesse ficado e devido a constante mudança de treinadores, principalmente em 2008, se eu tivesse aguardado um mês ou dois, treinando em separado, talvez a volta do Emerson Leão ao clube, eu teria renovado o meu contrato com o Atlético.
Mas, era previsto, já estava traçado a minha passagem pelo Atlético. Tanto é que eu fui emprestado ao Botafogo, depois fui para Portugal. Mas, fazendo um resumo da minha passagem, acho que foi excelente.
Não pelos números, mas sim, pelo feito histórico que aconteceu. Por causa de um gol ficarei marcado para sempre na história do clube. Então isso é bacana, isso é fantástico, isso não tem preço!
Dos jogadores de 2007 e 2008, você conversa com algum até hoje?
Não, infelizmente eu não tenho contato com o pessoal. Às vezes por rede social, às vezes até mando uma mensagem para o Diego (que hoje está no Flamengo).
O Márcio Araújo (hoje no CSA) em 2014, tive a oportunidade de ir em jogo dele aqui, em Santa Catarina, contra o Criciúma, quando ele estava pelo Flamengo e adquiri a camisa com ele para colocar aqui na academia. O próprio Leandro Almeida (hoje no Guarani), recentemente estava no Figueirense, acabei conversando com ele.
Mas são poucos os atletas de 2007/2008 que eu tenho contato. Quando tenho, é mais por rede social mesmo, mas isso é bem raro.
Atualmente, o que o Vanderlei tem feito?
Hoje eu tenho uma academia de ginástica e musculação aqui na cidade de Tubarão, em Santa Catarina e eu mesmo sou o responsável por administrar tudo por aqui.
Muitos até me perguntam, o porquê de não seguir no futebol, como auxiliar técnico, um diretor, um gerente, enfim... algo relacionado ao mundo da bola. Até porque, convivi com isso por 16 anos, mas não houve um contato, não houve também um querer da minha parte.
Eu vivi nesses 16 anos, vamos dizer assim, muito longe da família, do pai, da mãe e hoje eu tenho esposa, tenho filhos e também não gostaria de estar viajando e, vivendo uma nova fase, principalmente longe dos meus filhos. Sempre fui um cara tranquilo, sempre fui família e nada melhor do que agora, estando ao lado deles e fazendo uma coisa que eu também gosto de fazer.
Gostaria de deixar um recado para a torcida do Atlético?
Primeiramente, gostaria de agradecer ao Camisa Doze, pelo carinho e por ter feito essa entrevista, fico lisonjeado pela lembrança. Gostaria de dizer que a minha passagem pelo Atlético sempre será guardada com muito carinho por mim, pelo feito histórico, pelo gol antológico, pelos momentos vividos ao longo dos quase dois anos que eu tive no clube, além de ser Campeão Mineiro em 2007.
Ter passado por um momento tão importante na história de um clube comemorando 100 anos e eu fiz parte daquele jogo contra o Peñarol, onde a gente empatou por 1 a 1. Inclusive eu tenho aqui o pôster guardado até hoje, na sala da minha casa. Então fico extremamente feliz. A minha passagem, acho que foi tudo de bom, com a camisa deste clube, deste manto sagrado, no qual jamais irei esquecer. Beleza turma? Um abraço, fiquem com Deus!
Confira o gol do Vanderlei que o Fábio não viu: