Boleiro do Galo #06 | Jorge Valença, o “Touro” da década de 80!
Por: Camisa Doze
25/08/2020 - 23:32
Pelo Atlético, Jorge Valença teve a honra de fazer parte de uma das melhores gerações da história do clube alvinegro!
Jorge Queiroz Souza (67), mais conhecido como Jorge Valença, o ex-jogador que atuou como lateral-esquerdo, jogou pelo Atlético de 1979 até 1987. Pelo clube alvinegro, foram 333 jogos disputados, 13 gols, 6 títulos estaduais e muitas histórias de competições internacionais.
Confira tudo em mais um #BoleiroDoGalo:
Como você chegou ao Atlético?
Minha chegada no Atlético foi por meio do Procópio Cardoso (ex-técnico do Galo), conheci ele quando jogava no Vitória da Bahia, depois fui jogar no América do Rio e em 1979 ele pediu a minha contratação.
Ao chegar no Atlético, você ganhou o apelido de “Touro”. Qual era o motivo do apelido?
É porque eu era um jogador com um bom condicionamento físico, tinha muita vontade, muita disposição... com isso o Eder Aleixo, meu ex-companheiro de Galo, colocou esse apelido em mim e acabou ficando (risos).
Em 1980, você foi até a Espanha e conquistou o Torneio Costa do Sol, defendendo as cores do Atlético. Conte-nos sobre o torneio:
O Torneio Costa do Sol, disputado em Málaga, na Espanha, foi um torneio muito legal. Enfrentamos o time búlgaro do Slavia Sofia na semifinal e vencemos por 3 a 0. Já na final, enfrentamos os “donos da casa”. Vencemos a equipe do Málaga pelo placar de 1 a 0.
Esse torneio deu uma abertura para que o Atlético disputasse mais torneios internacionais. Na época, os clubes da Europa faziam questão de convidar os melhores clubes brasileiros da década de 80. Devido as nossas boas atuações, o Galo sempre era chamado para participar.
Em 1982, você retornou a Espanha e conquistou o Torneio de Bilbao. Como foi aquela competição?
Outro torneio importante também, esse de 1982, o Torneio Internacional de Bilbao. Essa competição acontecia na cidade de Bilbao, na Espanha. Sempre aos finais de cada verão e tinha o Athletic Bilbao como anfitrião.
Foi um torneio muito aguerrido e uma final muito disputada contra os donos da casa. E foi mais uma competição internacional que nos deu créditos para todo ano disputar um torneio europeu
Em 1983, você viajou novamente para a Europa, porém, em um outro país: Suíça. Mais um título internacional conquistado pelo Galo, o Torneio de Berna. Quais lembranças você tem daquela conquista e de outras?
Bom, o Torneio de Berna, foi um torneio de caráter amistoso realizado na Suíça. Eram quatro clubes disputando no ano em que conquistamos. Pelo Brasil, o Atlético; pela Suíça, o Grasshopper e Young Boys e pela Itália, a equipe da Roma.
As lembranças que tenho da Europa são todas boas, a gente sempre vencia e dificilmente perdia, isso era muito importante para nós, principalmente para mim. Eu gostava muito, tinha muita vontade de jogar fora do país, então esses amistosos serviam como uma oportunidade para realizar esse sonho.
Foram vários amistosos que fizemos na Europa. Nos jogos contra a Roma, a gente jogava contra o Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão... era um timaço com vários jogadores de seleções e não perdemos nenhum jogo contra eles.
Por mais de uma vez enfrentamos o Hamburgo, da Alemanha, o time era a base da seleção alemã e não perdemos nenhum jogo. Times da Holanda, que tinham jogadores da seleção que formavam aquele “carrossel holandês”, ganhamos a maioria dos confrontos. Na França, já vencemos o Paris Saint-Germain por 3 a 0. Seleções também, como por exemplo, os jogos contra Nigéria e Argélia.
Então, assim, isso tudo era muito marcante para nós jogadores e para o clube. O respeito que o Atlético conquistava perante o cenário internacional era muito importante, tanto que sempre éramos convidados para disputar esses torneios.
Você conquistou seis campeonatos estaduais pelo Atlético! Qual era o segredo daquela geração?
O segredo de todas as conquistas, é porque tínhamos um time muito forte, além das qualidades individuais de cada jogador.
Nós tínhamos uma mentalidade muito forte em campo e conseguíamos consertar várias situações contrarias, bastava uma conversa entre os jogadores e tudo era resolvido ali mesmo. Então isso tudo contava muito.
O assunto é Campeonato Brasileiro! Qual foi o ano mais marcante para você?
Bom, infelizmente de forma negativa, mas o ano de 1985 foi muito marcante para mim. Chegamos na semifinal do campeonato brasileiro daquele ano contra o Coritiba, perdemos o primeiro jogo lá no Sul por 1 a 0 e com isso, precisávamos ganhar de qualquer forma o jogo de volta em Belo Horizonte.
No jogo de volta, no Mineirão, teve um lance que eu chutei e o goleiro adversário tirou a bola lá de dentro do gol, o árbitro não marcou, o jogo acabou empatado por 0 a 0 e infelizmente não fomos para a final.
Na final, o Coritiba conquistou o título enfrentando a equipe carioca do Bangu. Então esse lance marcou muito, pois com aquele gol que o juiz não deu, poderíamos ter ido para a final e quem sabe ter conquistado o título nacional de 1985.
Foram 333 jogos vestindo a camisa do Atlético, qual foi o jogo mais especial?
Teve um jogo contra o Hamburgo, da Alemanha, porém esse jogo foi na cidade de Lille, na França. Nesse jogo, eu peguei a bola lá atrás e fui levando pelo meio do campo, avancei até lá dentro e fiz o gol, cara (risos). Isso aí foi legal pra caramba.
No sistema alemão de jogar, cada jogador tinha um determinado jogador adversário para marcar, eu fui levando e nem acreditei que consegui fazer aquele gol, então esse lance marcou muito para mim (mais risos).
Foram 13 gols feitos com a camisa do Galo. Qual foi o que você mais gostou?
Bom, teve esse gol contra o Hamburgo-ALE, mas teve outros dois também que foram importantes para mim, que são os gols feitos em campeonatos brasileiros que disputei com a camisa do Galo. Um contra o Botafogo e o outro contra o Internacional!
Sabemos que você jogou ao lado de grandes craques pelo Atlético, mas na sua concepção, quais foram os melhores?
É muito delicado falar sobre isso, pois joguei com vários jogadores com muita qualidade, envolve outros atributos e é até injusto e difícil de citar apenas alguns, tem alguns que ainda mantenho contato, mas vamos lá:
João Leite (Goleiro), Sergio Araújo (ponta-direita), Nelinho (lateral-direito), Toninho Cerezo (meia), Reinaldo (atacante), mas como disse... é muito delicado montar essa “lista”, foram praticamente todos que joguei!
O assunto é treinador: qual foi o mais importante?
Eu tive vários treinadores no Galo, mas o técnico que marcou muito para mim, foi o Procópio Cardoso. Não porque ele me trouxe para o Atlético, mas pelo seu trabalho, sua capacidade, seriedade, liderança, disciplina, então é um treinador que tem um destaque na minha história.
Ele foi uma referência para mim, aprendi muito com ele e quando tenho a oportunidade de trabalhar como treinador, seja em escola de futebol, seja em time de futebol, procuro transmitir todos esses ensinamentos que aprendi com o Procópio para os jogadores.
Tem alguma curiosidade que gostaria de contar?
Tinhas umas brincadeiras, umas situações bem interessantes, vou contar:
As vezes chegava uns jogadores no Atlético, o Joao Leite (goleiro) sabia que eu tinha essa facilidade para apelidar os jogadores, então ele ficava ali comigo conversando (risos), pedindo para eu analisar a aparência do cara e por meio disso a gente colocava o apelido.
Eu era o “tradutor” do assunto, tanto que muitos jogadores do Galo, foi eu que coloquei os apelidos. E eles são conhecidos até hoje por isso, então isso era legal pra caramba, marcou muito (risos).
Qual recado você gostaria de deixar para a torcida do Galo?
Gostaria de falar o seguinte:
Eu tenho muito orgulho de ter participado da história do Clube Atlético Mineiro. Uma torcida que reconheceu o meu trabalho e na época que eu jogava, várias torcidas me convidavam para eventos, já recebi muitas homenagens e isso foi uma coisa muito importante para mim.
Tenho muita saudade também da época que eu jogava, se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo novamente, pois procurava retribuir todo esse carinho dos torcedores dentro de campo.
Eu sou baiano, mas esse carinho que recebo até hoje, fez com que eu ficasse em Belo Horizonte. Então tratamento, acolhimento, respeito, tudo isso é importante. Tudo que uma pessoa poderia ganhar, eu ganhei. Só tenho que agradecer muito!
E é claro, torcer para que o Atlético, com esse novo projeto, dê mais alegrias para os torcedores, pois eles merecem, inclusive eu sou um dos torcedores (risos). Um abraço e muito obrigado!
Confira um dos gols de Jorge Valença pelo Atlético: