Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!

Por:
30/10/2020 - 16:34

Conversamos com Éder Aleixo, um dos maiores ídolos da história do Atlético. Uma resenha sobre o passado e o presente do clube alvinegro

Éder Aleixo de Assis (63), mais conhecido como Éder Aleixo, ou para os mais íntimos, “O Bomba”. O ex-jogador do Atlético, atualmente auxiliar técnico do clube, atuou por 10 anos como meio-campista do Galo. Foram 368 jogos disputados e 122 gols marcados, além, é claro, de muitas histórias honrando o manto sagrado!

Confira tudo em mais um #BoleiroDoGalo:

Lider JogadoresGalo 2 1024x683 - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Éder Aleixo, um dos destaques do Atlético na década de 80 | Foto: Reprodução/Internet

Como foi a infância de Éder Aleixo?

Minha infância fui muito tranquila, graças a Deus. Eu sou natural de Vespasiano, cidade na época muito pacata né, já hoje, totalmente diferente. Tive uma boa infância, matava aula pra jogar futebol no campo do Independente de Vespasiano (risos) e com uma família tranquila, hoje infelizmente sem meu pai e sem minha mãe, mas graças a Deus tive uma infância tranquila com toda a orientação necessária dos meus pais.

Atleticano apaixonado desde criança, você começou a carreira em outros clubes, até que em 1980 a oportunidade de atuar pelo Galo apareceu. Como foi a sua chegada ao Atlético?

Eu realmente desde que nasci, sou atleticano. Tinha na cabeceira da minha cama o escudo do Atlético, logo no começo eu já pendurava objetos do clube no carro e sempre gostei de exibir o meu amor pelo Galo.

Jogando bola, comecei no América-MG, com 13 anos. Depois fui para o Grêmio, isso com 19 anos e por lá joguei por três temporadas. Em 1980, tive a oportunidade de retornar para Minas Gerais para jogar pelo Atlético, que é o meu time do coração.

Pelo Galo, joguei por 10 anos. Na primeira passagem por seis temporadas (1980 a 1985), na segunda foram dois anos (1989 a 1990), e na terceira e última, por duas temporadas (1994 a 1995).

Depois de ter aposentado como jogador, cheguei a trabalhar como gerente de futebol por dois anos, já fui auxiliar técnico juntamente com o Procópio Cardoso, e desde 2018 sou Auxiliar Técnico do Clube com muita satisfação. Afinal, é o time do meu coração!

Em 1980 em sua chegada ao Atletico Repdroducao Facebook Webgalo 654x1024 - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Éder em 1980, em sua chegada ao Atlético |
Foto: Reprodução Facebook/Webgalo

De 1978 a 1883, o torcedor atleticano viu o Galo ser hexacampeão mineiro, considerado uma das melhores gerações da história do Atlético. Você chegou em 1980 e fez parte desse elenco vitorioso que deu muitas alegrias para a massa. Como foi jogar ao lado de João Leite, LuizinhoNelinho, ReinaldoCerezo e outros grandes craques alvinegros?

Eu sou um privilegiado mesmo. Sempre fui atleticano e jogar pelo Atlético nos anos 80, que tivemos aquele timaço com Chicão, Palhinha, João Leite, Osmar, Luizinho, Toninho Cerezo, Pedrinho, Reinado, Jorge Valença, Orlando... poxa, isso pra mim foi com muita alegria.

Eu com 22 anos, voltando para minha cidade, minha terra Minas Gerais e pegar um time desse... nos anos 80 até 83 só dava Atlético! Tivemos várias decisões, nós fomos campeões mineiros em 1980, 81, 82 e 83. E assim, para mim, foi muito importante esse retorno à Minas, principalmente por estar voltando para jogar no meu clube de coração.

Nos anos 80, sem dúvida, essa geração teve um dos melhores times do futebol brasileiro, tanto que na Copa do Mundo de 1982, três titulares da seleção era do Atlético, Eu (Éder), Luizinho e Toninho Cerezo.

Twitter JogadoresGalo - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Éder e sua potência com a canhota | Foto:
Reprodução/Twitter @JogadoresGalo

Foram 368 jogos honrando o manto alvinegro. Qual foi o jogo mais especial?

É, realmente foram muitos jogos pelo Atlético, 368 partidas, fora os 122 gols, mas eu gostava mesmo era de servir os meus companheiros, os centroavantes que jogavam comigo: Reinaldo, Fernando Roberto, Gérson, Renaldo, o outro Reinaldo (94/95), então foram vários jogadores que tive a oportunidade de jogar, mas assim, são tantos jogos... todos os jogos que participei, para mim, foram importantes, independente de qual campeonato era.

Porém, sempre teve essa nossa rivalidade aqui, então acredito que os jogos contra o nosso maior rival tinham um gosto especial. Eu sempre joguei com raça. Sempre fui um cara que brigava muito dentro de campo e realmente considero todos os jogos especiais, que Graças a Deus, tive a oportunidade de vestir esse manto sagrado.

Galo Digital - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Éder fez 368 jogos com a camisa alvinegra |
Foto: Reprodução/Galo Digital

Se o assunto é bola na casinha, você é especialista no assunto: foram
122 gols com a camisa do Galo. Qual o mais marcante?

É como eu falei, era um cara que proporcionava mais lances para que meus companheiros fizessem os gols. Com bons cruzamentos, bons lançamentos, bons escanteios, mas fiz alguns golzinhos pelo Atlético também (risos).

Não considero “aquele” especial, mas em 1994/95, na minha última passagem como jogador pelo Atlético, o Galo fez aquela “Selegalo” e eu não estava sendo utilizado né, mas quando precisaram de mim, estava pronto, sempre à disposição.

Depois de um tempo voltei a jogar novamente, comecei a fazer gols, grandes jogos e nós chegamos à semifinal do nacional, aquele grande jogo contra o Corinthians que nós ganhamos por 3 a 2 aqui, acabei tomando o terceiro cartão amarelo, não joguei lá, no jogo em São Paulo perdemos o jogo por 1 a 0, mas acontece. Então esses gols da minha volta, já com 38 anos, foi uma participação muito especial na minha carreira.

Graças as suas boas atuações pelo Galo, você foi convocado para participar da Copa do Mundo de 1982. Uma seleção que não ganhou o mundial, mas que encantou o mundo. Como foi essa experiência?

O Atlético me proporcionou essa oportunidade de disputar uma Copa do Mundo, a de 82 na Espanha e como disse anteriormente, nós tínhamos três titulares do Galo na seleção: Eu, Cerezo e Luizinho. Particularmente, participei de uma seleção que encantou não só o Brasil, mas o mundo inteiro. De vez em quando viajo, o pessoal reconhece a gente e sempre pergunta daquela seleção.

O “problema” é que foi uma seleção que não conquistou o título, mas é considerada uma das melhores. O pessoal compara com a de 70, que ao meu ver foi a melhor sem dúvida, então só de ter participado, de ter jogado uma Copa do Mundo e saber que o pessoal reconhece, é muito gratificante.

É muito difícil quando você não ganha né, você só é lembrado quando é o primeiro ou o último, ao contrario dessa seleção, que é lembrada sempre, por todos, com muito carinho e porque realmente, foi uma das melhores seleções que o Brasil já teve.

Selecao 1982 Acervo CBF - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Seleção de 1982 | Foto: Acervo CBF

Se pudesse voltar no tempo, gostaria de fazer algo diferente pelo Atlético?

Se eu pudesse voltar no tempo, olha pra você ver, como jogador, nós (elenco de 80) tivemos a oportunidade de sermos campeões brasileiros pelo Atlético, infelizmente não fui. Então já venho falando do meu desejo para o pessoal, de ser campeão Brasileiro como auxiliar técnico.

Joguei no Galo por 10 anos, teve aquela oportunidade contra o Flamengo em 1980, um clube que temos essa rivalidade até hoje, naquela época uma decepção, mas que hoje estamos cada vez mais superando. Estamos bem no Campeonato Brasileiro, com um time bem diferente, não é que é o melhor elenco do futebol nacional, mas é um elenco com muita garra, com uma comissão técnica maravilhosa que tem feito um bom trabalho.

Quem sabe... então é isso aí que eu gostaria, não que mudaria algo do passado, é o que eu quero ser ainda. O que eu quero ser, é ser campeão Brasileiro pelo Clube Atlético Mineiro!

Em 2018, você recebeu o convite para retornar ao Atlético para trabalhar como Auxiliar Técnico do clube, cargo que está até hoje. Como é passar essa experiência para o atual elenco e poder viver o Galo todos os dias?

Olha, isso sem dúvida é uma coisa que nos move para cada vez mais lutarmos pelos nossos objetivos.

O Atlético me deu essa oportunidade, tenho um contato diário com todos né, comissão técnica, jogadores, os meninos da base (que é importante a gente ter esse contato com eles), e eu, na medida do possível, converso com todos. Nos treinamentos fico lá com os atletas, alguns me perguntam “como se faz isso, como se faz aquilo, como se bate uma falta” então isso que é o mais gostoso. Faço com muito carinho, me sinto em casa, isso facilita muito mais.

Então poxa vida, sou muito grato ao Atlético, por me dar essa oportunidade de passar essa minha experiência para os jogadores mais novos e os mais experientes também que o Galo tem. Então isso pra mim está sendo de grande utilidade, é aquele “oxigênio”, uma sequência e trabalhar, trabalhar e trabalhar, que é o mais importante na vida da gente.

Capa Bruno Cantini 1 846x1024 - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
Éder e sua classe com a bola | Foto: Bruno Cantini/Atlético

Em 1980, você chegou próximo de ser campeão Brasileiro pelo Atlético, acredita que esse sonho possa ser realizado na temporada 2020-21?

Eu acho que estamos no caminho certo. Estamos na metade do campeonato ainda, mas pelo jeito que a gente tem visto lá, nos treinamentos, com essa nova comissão técnica, o Sampaoli é um cara que treina muito. Tem muita repetição, os jogadores são muito dedicados, e como eu falei, não é o melhor elenco, mas está entre os melhores, com jogadores experientes com uma mescla de jogadores novos que estão dando muita alegria para o Atlético. Então, estamos no caminho certo. Se continuarmos assim, com os pés no chão, tranquilo, sem inventar, acho que a torcida, a gente sente a falta da torcida no campo, mas o momento é esse, o caminho é esse. Então vamos com os pés no chão, com muito respeito aos adversários também, pois tem muitos times aí que também podem chegar.

Eder Aleixo Auxiliar Tecnico 851x1024 - Boleiro do Galo #08 | Éder Aleixo, o Bomba de Vespasiano!
No cargo de Auxiliar Técnico, Éder tem o desejo de ser Campeão Brasileiro pelo Atlético
Foto: Reprodução/Atlético

Gostaria de deixar um recado para a torcida do Galo?

Eu sou um cara eternamente grato à torcida do Atlético, foram 10 anos jogando, hoje estou com 63 anos, e desde que eu nasci sou atleticano, então essa minha vida foi em torno do Atlético.

Tenho a oportunidade de levantar todo dia pela manhã, chegar no CT e trabalhar com os meus companheiros, tenho lá pessoas que trabalhamos juntos 30/40 anos atrás, então isso que quero deixar bem claro para o torcedor atleticano: Apoiar sempre o nosso time.

Quero agradecer aqui a oportunidade, agradecer mesmo de coração pelo apoio de todos, pelo carinho que os torcedores tem por mim, e é do dia a dia, que faz nossa paixão crescer cada vez mais pelo Atlético, essa identificação que tenho pelo clube.

Agradeço pela entrevista e um beijo no coração de cada torcedor. AQUI É GALO!

Confira alguns gols de falta do Éder Aleixo com a camisa do Galo: