A Cachorrada e a Higienização das arquibancadas – Parte 1

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01/07/2017 - 13:54

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A Cachorrada e a Higienização das arquibancadas - Parte 1

Tempos Modernos

Vivemos o tempo da reformulação das palavras, vivemos o momento do efêmero. Diante do "boom" econômico não sustentável nós acreditamos que vivíamos o pleno emprego, comprávamos tudo, consumíamos e consumíamos vorazmente, porém, chegamos ao tempo das agruras.

Por muitos anos os atleticanos foram batizados por CACHORRADA. Era a torcida que ia de qualquer jeito, com qualquer "vintém". Contudo, vender a imagem desdentada das antigas gerais não é mais o objetivo. O sorriso aberto, deu lugar ao momento da "autofoto" do celular na hora do ataque do adversário.

O atleticano por vezes inúmeras cantou o hino chorando de orgulho, era uma cachorrada sim, porque essa sempre foi a relação da torcida, a da fidelidade. O cachorro é o "cara" que abre o portão na chuva para constatar que o dono chegou. Por que não se orgulhar do adjetivo?!

Quando um clube se resgata através de Memoriais, Arquivos e Museus ele busca que seus adeptos saibam de que árvore genealógica foi construída a sua história. Porém, a simbiose de promover esta narração passa por quem contribuiu com os primeiros tijolos do seu celeiro de glórias. Para tanto, é fundamental que os gestores tenham sensibilidade de não abandonar a CACHORRADA que sempre carregou seu clube como um cão de guarda.

Num país que permitiu a construção de estádios em vazios demográficos como Cuiabá e Manaus, o mesmo país de "buracos asfálticos", de leitos sem esparadrapos, professores desvalorizados, médicos abandonados, salário mínimo de R$937,00, pergunto-lhes: como manter o estádio cheio e "consumir" ?

Ao convidar o atleticano a refletir, precisamos perceber que o mercado se move e quem não acompanha não levanta taça. Seria utopia defender os anos 60, sem observar os custos operacionais, investimentos e a folha salarial do time que há cinco anos briga por todas as competições nas cabeças.

A preocupação que circunda o futebol brasileiro, ao qual o Atlético faz parte é que as receitas em sua grande parcela são provenientes das cotas de televisão e que a bilheteria não é a principal fonte de renda, portanto, para esta ser uma "fatia" considerável precisa-se da fidelidade do sócio para fazer provisões e planejamentos. Daí, surge o contrassenso de considerar o futebol como uma "bolha" que não é atingida pelos "turbilhões" econômicos de recessão e que impede o "POVÃO" de adquirir mais uma despesa num "mar" de incertezas do amanhã.

Além de tudo isso, vivemos a "overdose" de partidas que geram problemas drásticos como a queda na qualidade dos jogos e causam lesões em jogadores de alto custo e que são cobrados para obter alto rendimento.

Como buscar soluções observando variáveis como :

1 - Folha salarial x calendário mal planejado x fisiologia
2 - Como resgatar a massa alijada pela economia sem prejudicar o programa de sócio-torcedor;
3 - O atleticano de baixa renda contribuirá no pay-per-view num processo de inversão popular;
4 - Assistir ao "espetáculo" sentado ou viver o jogo de pé numa sinergia capaz de permitir a bandeira tremular na sua frente em prol de um ideal que independe da visão ocular momentânea;
5 - Picolé X "pão com salsicha" na caixa - lembrar que somos um páis tropical;
6 - Consumidor corneta x torcedor que reclama;
7 - TV define o calendário x omissão dos dirigentes federados.

Consolidação Sustentável

Observante às questões acima, sem respostas prontas, porém preocupado com o futuro o Atlético investe muito em criar estruturas físicas e manter um corpo técnico invejável de profissionais na Cidade do Galo, para colher revelações e lastros sustentáveis para lograr sucesso a longo prazo. O Galo hoje prepara a "matéria-prima" e venderá em breve a "tecnologia".

Além disso, o clube caminha de forma cautelosa para a construção da sua independência financeira com o advento do novo estádio que está até o momento, sendo tratado sem devaneios e ações imediatistas. Talvez o dirigente que cortará os laços da inauguração não seja o promotor pioneiro que permitiu os primeiros passos, o que denota maturidade administrativa. Vale lembrar que o Estádio Antônio Carlos, através de seus desdobramentos, é responsável por receitas que o Diamond Mall administrado pela Multiplan gera até hoje ao Atlético.

Outro ponto relevante, é que a gestão do clube refinanciou suas dívidas e consegue fazer orçamentos anuais que possam nortear o nível de investimentos do ano vindouro.

Aí vem a pergunta: Qual será o perfil do novo torcedor? E o GALO com isso? Como organizar esse "novo futebol" sem descaracterizar, sem ridicularizar?
A resposta é estudar! O GALO É A ENTIDADE VENERADA POR MILHÕES, então, é preciso ser sensível ao momento, ser criativo, é preciso reinventar sem deixar que o grito de GALÔOOO do excluído seja abandonado por quem ele sempre só fez prioridade em seu caminhar.

Contudo, não podemos nos apegar em discursos populistas que não considerem as mudanças impostas por resultados de culturas imediatistas. Não há no Brasil estabilidade que caiba a palavra esperar. É, portanto, difícil planejar, mas a simbiose da diretoria e da torcida não pode falhar. O Atlético está pronto para se consolidar, basta estudar e preservar seu patrimônio. Basta gerir com perícia e deixar a porta aberta para a massa entrar.

Essa é a "Cachorrada" do GALO que sempre foi ao portão te buscar
Ela quer ver você sem saber o que tem, basta você chegar
Pode chover ou esfriar, pode ser na madrugada
Triste ou feliz, se não fechar o portão a Cachorrada lá estará
O preto é junto com o branco
Não importa como, a cachorrada lá estará
Sempre ao seu lado
Até depois do depois, esse é o seu caminhar.

Aperta a minha mão e vamos lá!