Cazares: O camisa 10 que o Galo não tem
Por: Camisa Doze
21/02/2018 - 17:47
Cazares é um jogador que divide opiniões. Polêmico fora de campo, talentoso dentro dele. Porém, não apresenta a capacidade técnica que tem com regularidade, tendo dificuldades para fazer uma sequência de bons jogos. O equatoriano é o camisa 10 que o Galo não tem, ou o tem pela metade. Há quem já perdeu a paciência com Juanito, e também quem o defenda com o argumento de que é o único armador do elenco atleticano.
A mística do camisa 10

Foto: Bruno Cantini
Em todo início de temporada, um assunto é certo em todas as rodas de conversa sobre o Galo: o camisa 10. A torcida atleticana segue a tradição do público do futebol brasileiro que vê como fundamental ter no time um armador criativo, técnico e habilidoso, sobretudo depois da passagem brilhante de Ronaldinho, um dos maiores de todos os tempos.
Faz parte da "mística do camisa 10", dar a esse jogador "especial" uma concessão para que não se movimente tanto e não cumpra funções táticas, em troca dos passes diferenciados que colocam os companheiros de equipe na cara do gol. Mas existe um grande problema nessa negociação. A não ser que esse jogador seja um Ronaldinho, é difícil que alguém consiga, estatisticamente, compensar com gols e assistências os prejuízos causados ao jogo coletivo do time.
Sim, Cazares foi o líder de assistências do Galo em 2017. Nos números frios (17 passes pra gol), o equatoriano parece ter tido um grande ano. Mas dar muitas assistências não é o suficiente e não a toa o equatoriano vem alternando muito entre a titularidade e o banco de reservas.
O camisa 10 hoje é o início da defesa de uma equipe

Foto: Bruno Cantini
No futebol atual, fala-se muito que o camisa 10 perdeu espaço, ou não existe mais. Prefiro não ir a tal extremo. Penso que o camisa 10 sofreu atualizações e que hoje se cobra coisas diferentes dele. É preciso jogar com mais intensidade, ser solidário e ocupar espaços com inteligência, sobretudo no momento em que a equipe está sem a bola.
Uma equipe que se defende apenas com seus zagueiros e volantes dificilmente terá sucesso. Os torcedores mais tradicionais não gostam, mas se os atacantes não se tornarem "assistentes de lateral", sua equipe vai sofrer muitos gols e ficará distante da briga por títulos. E o mesmo vale para o camisa 10, que joga centralizado, como prefere Cazares. Se ele não participar dos movimentos defensivos, pressionando os zagueiros do adversário ou retornando até o campo de defesa para fazer a proteção aos volantes, isso causará um grande desequilíbrio defensivo ao time.
Outras alternativas para se armar jogadas

Foto: Bruno Cantini
Sim, a opinião desse texto é que Cazares não pode ser titular do Atlético, muito menos um jogador indispensável. Mesmo que seja o jogador mais talentoso do elenco, o mais criativo. Se ele não se adaptar ao futebol do século XXI, se não entender que faz parte de um funcionamento coletivo, vai continuar vivendo de brilhos esporádicos, e o Galo não pode depender disso se quiser ser uma equipe competitiva em 2018.
Sendo assim, é preciso encontrar alternativas para a tão falada criação de jogadas. E sim, é possível armar situações de gols sem ter a figura mística do camisa 10 talentoso que acha o passe diferenciado.
A primeira e principal alternativa, passa, novamente, pelo funcionamento coletivo da equipe. A organização é importante não só para defender. O treinador precisa trabalhar para que seus jogadores ataquem com inteligência, ocupando os espaços de maneira coordenada para vencer a defesa adversária. É preciso ter ideias bem definidas para se avançar em campo, seja trocando passes desde o campo de defesa, ou lançando a bola ao ataque de forma direta.
Sem Cazares, quem joga?

Arte: Lineup Builder
Tá bom, esse papo de futebol coletivo é bonito, mas se Cazares sair do Atlético, ou ficar no banco, quem joga no meio de campo alvinegro?
Apesar de muito questionado, o elenco atleticano possui alternativas interessantes. Oswaldo de Oliveira e Thiago Larghi fizeram alguns testes ao longo dos últimos jogos.
Jogar com três volantes é algo que provoca certa resistência entre alguns torcedores, pois muitos julgam essa escolha como uma atitude de treinador "retranqueiro". Mas existem inúmeros exemplos no futebol mostrando que essa alternativa pode ter muito sucesso.
O Galo tem em seu grupo volantes que, juntos, podem formar um meio de campo sólido na defesa e com boas alternativas para se atacar. Elias é reconhecido por sua capacidade de vir de trás e infiltrar na defesa. Blanco tem muita mobilidade e capacidade de controle de jogo. Sim, o Atlético teria menos talento, mas poderia compensar com mobilidade e intensidade, que no futebol atual são características tão indispensáveis quanto a qualidade técnica.