Conheça a história do Rafael e o “Seu Du”, uma paixão pelo Galo que vai além da vida!
Por: Camisa Doze
01/08/2020 - 12:35
Na oportunidade de inserção dos bonecos personalizados no estádio, o torcedor Rafael Bispo resolveu prestar uma homenagem para o seu avô, que faleceu em 2007. Uma verdadeira história de amor pelo Clube Atlético Mineiro!
Com a ausência de público nos estádios, devido a pandemia do coronavírus (covid-19), o Atlético seguiu o exemplo de outros clubes do futebol mundial e, concedeu aos seus torcedores, uma possibilidade de acompanhar os próximos jogos do Galo, por meio de bonecos com os rostos dos participantes impressos.
A ação com a presença dos “torcedores”, teve início na última quarta-feira (29/07), na vitória do Atlético sobre o Patrocinense, por 4 a 0, no Mineirão, em jogo válido pela 11ª rodada do Mineiro. Além desse jogo, as duas próximas partidas em que o Atlético for mandante, terá a presença dos mesmos “fiéis torcedores” nas arquibancadas do Gigante da Pampulha. Com o sucesso no primeiro jogo, a diretoria do clube estendeu a campanha para mais jogos saiba mais.
De todos os 1.982 bonecos apresentados nesse primeiro jogo, um deles nos chamou a atenção. Não estamos falando do “Mitair” ou dos outros torcedores rivais infiltrados na torcida atleticana, mas sim, a presença do boneco do Sr. Ubaldo Venâncio Rodrigues, que faleceu em 2007, aos 78 anos de idade, em decorrência de uma fibrose pulmonar.
O “Seu Du” como gostava de ser chamado, avô do Rafael Bispo (23), foi um dos motivadores do atleticanismo na vida do neto. Com a oportunidade da inserção dos rostos nos bonecos alvinegros, Rafael resolveu homenagear o seu avô, já que o seu amor pelo Atlético foi graças aos bons ensinamentos do seu grande e eterno amigo. Confira esse caso emocionante:
Como surgiu a ideia de homenagear o seu avô?
Meu avô era fanático pelo Atlético. Com a oportunidade dos bonecos personalizados, pensei em fazer um com o rosto do meu avô, como forma de prestar uma homenagem por tudo que ele fez por mim e para os outros atleticanos da família.
Eu nem cheguei a comentar com os meus tios sobre essa homenagem, foi mais uma surpresa para os meus familiares. Quando mandei o resultado no grupo da família, minhas tias me ligaram falando que estavam chorando. Eu acho que por tudo que está acontecendo, com a ausência dos torcedores nos estádios, essa foi uma homenagem bacana. Por esse momento que o Galo está vivendo, eu tenho certeza que de onde meu avô está, ele está orgulhoso do que o clube está fazendo, do projeto que o Atlético está criando.
Então acaba que isso para mim não foi em tom de tristeza e sim, mais uma homenagem para que ele visse isso tudo de alguma maneira. Eu já deixei avisado para minha mãe, que no primeiro jogo do Galo na Arena MRV, estarei presente junto com o meu avô lá, se Deus quiser, pois tenho certeza que ele trará muita sorte para nós!
Como era o torcedor Ubaldo Rodrigues?
O “Seu Du”, como gostava de ser chamado, era um torcedor fanático. Uma paixão que foi transmitida para todos os familiares. Uma de suas maiores paixões, era ir ao campo acompanhar os jogos do Galo. Ele colecionava ingressos e objetos relacionados ao Atlético. Foi sócio benfeitor do clube e até recebeu uma placa por isso. Para se ter uma ideia, ele foi enterrado com três bandeiras do Galo e duas camisas, respeitando a tradição do hino “uma vez até morrer”, enfim... ele era um torcedor diferenciado!
Qual foi a maior loucura que seu avô já fez pelo Galo?
Tem um caso muito doido que meu tio, Rômulo Rodrigues (62), filho do “Seu Du”, sempre me conta:
Em 1971 meu avô morava no bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, na época, um amigo da região se ofereceu para levar a turma de Kombi na final do Campeonato Brasileiro, lá no Maracanã. Meu avô não pensou duas vezes e foi com o meu tio, rumo ao Rio de Janeiro.
Chegando em terras cariocas, eles deram carona para um outro atleticano, que também estava indo para o jogo, porém, quando estavam chegando no estádio, foram parados pela polícia do Rio. Os policiais perceberam que tinha uma pessoa a mais, justamente o cara da carona.
Com isso, um dos policiais multou o cara da Kombi que acabou perdendo todo o seu dinheiro, todo dinheiro mesmo. Tanto que, eles tiveram que voltar dois dias depois do jogo, com muito custo, após terem arrumado um dinheiro emprestado. Então, assim, são por esses casos que eu falo que meu avô era doido pelo Galo!
O “Seu Du” era um torcedor corneta?
Pelo contrário, nesse caso eu até puxei muito disso dele. Ele não aceitava que ninguém falasse mal do Atlético, defendia as cores do clube como se o Galo fosse um familiar. Sobre os jogadores, ele defendia independente se era ruim, se era um craque que estava na balada. Ele não aceitava comentários negativos sobre os atletas e principalmente sobre a história do clube!
Qual é o caso mais engraçado que você lembra do seu avô?
Um caso engraçado, é que meu avô sempre foi um cara mais fechado e, eu lembro que quando o Atlético subiu em 2006, no jogo do acesso, estávamos na casa da minha avó. Ele nunca deixou ninguém gritar, ninguém fazer bagunça, por causa dos vizinhos... nesse jogo ele deixou, falou que poderíamos gritar até cansar (risos), então, é esse tipo de coisa que fica guardado!
Qual foi o último momento em vida do seu avô com o Galo?
Tem uma história, digamos que assim, bastante triste, mas marcante. A última coisa que meu avô fez antes de falecer, foi escutar um jogo do Atlético. Foi aquele jogo de volta, das quartas de final da Copa do Brasil de 2007. Ele pediu para o meu tio o rádio, escutou aquele jogo e foi dormir. Infelizmente ao dormir, ele se foi.
Sobre o jogo: Na ocasião, o Botafogo venceu o Atlético no Maracanã, por 2 a 1 e garantiu a sua sequência na competição. O jogo ficou marcado pela polemica de um pênalti não marcado no jogador Tchô, a favor do Galo. O juiz Carlos Eugênio Símon mandou o jogo seguir e encerrou a partida minutos depois do lance.
Tem outros casos curiosos do seu avô que gostaria de contar?
Meu avô tinha uma oficina mecânica e na época ele consertava carros de jogadores do Galo. O Buglê, autor do primeiro gol da história do Mineirão, era um de seus clientes. Um certo dia, o centroavante Ubaldo (ex-Galo) apareceu lá, achando que meu avô estava usando o nome dele na oficina, mas meu avô esclareceu e disse para o jogador que o nome dele também era Ubaldo (risos).
Um outro caso curioso, é que ele já foi preso em jogo do Atlético, porque ele xingou um cara que estava cornetando o time. Porém, esse cara era delegado, meu avô chegou a até ir para a delegacia, mas depois foi liberado.
Como era a sua amizade com o seu avô?
A relação que eu tinha com ele é até difícil de falar, acaba que com tudo isso que aconteceu, da homenagem, a memória vem à tona. O meu primeiro jogo do Atlético no estádio foi com ele, lembro como se fosse hoje, o campo do Mineirão certinho, aquele gramado, acaba que isso ficou bastante marcado na minha memória. Minha primeira vez no estádio Independência também foi com ele. Meu avô foi o cara mais atleticano que já conheci!
Na sua família, todos são atleticanos?
Minha família inteira é atleticana, tenho apenas um tio que torce para o outro lado e minha avó que só fala que é cruzeirense porque fica com dó do filho dela (risos), mas meu avô com certeza foi o maior exemplo da minha família do que é ser um torcedor atleticano.
É uma paixão que foi passada de avô para filho, depois para os netos. Quando meu avô era vivo, eu ia acompanhado dele e do meu pai nos jogos. Na época meu irmão era bem pequeno, mas o primeiro jogo dele também foi com a presença do meu avô. Digamos que foi um “batismo de atleticanidade” do meu avô com os seus filhos e netos.
E o Rafael Bispo, o que faz da vida?
Bom, sou formado em Gastronomia e tenho uma empresa, chamada Brownie do Bispo e assim... carrego essa paixão do Galo ensinada pelo meu avô por todos os lugares!
Confira mais fotos da relação entre a família Rodrigues com o Atlético: