Crônica de uma eliminação anunciada
Por: Guilherme Peixoto
10/08/2017 - 14:06
Após mais uma exibição fraca, o Atlético amargou a sua segunda eliminação em duas semanas. O melancólico empate por 0-0 com o Jorge Wilstermann fez o Galo dar adeus à Taça Libertadores. O ano que parecia promissor ganhou contornos de drama e incerteza.
Empurrado por cerca de 36 mil torcedores, o Galo começou em cima dos bolivianos. Logo no começo, Marcos Rocha descolou um cruzamento que assustou o goleiro Olivares. Depois, Fred e Luan tentaram de cabeça, mas não conseguiram abrir o placar.
Prejudicado pela ausência de Gustavo Blanco, Rogério Micale optou por armar sua equipe no 4-3-2-1 de sempre. Na prática, porém, a “árvore de natal” acabou transformada em um 4-3-1-2. No meio, Rafael Carioca, Adílson, Elias e Cazares formavam um “losango”. Mais à frente, Fred tinha o auxílio de Luan, que jogou como uma espécie de segundo atacante. Atuando sem jogadores de lado, o “Maluquinho” e o equatoriano iam constantemente fazer companhia aos laterais. Em alguns momentos do primeiro tempo foi possível perceber uma variação para o 3-5-2. Adílson recuava para a primeira linha, dando liberdade para Fábio Santos e Rocha.
Aos poucos, o Galo começou a perceber que teria dificuldades de penetrar por dentro. Precisando do gol, Micale voltou com Valdívia para o segundo tempo. Pelos lados, ele e Luan tentaram “abrir” a defesa adversária, que, apesar de bem postada, logo cansou.
A segunda cartada do treinador atleticano foi Robinho, que se movimentou muito, mas perdeu um gol inacreditável. Cara a cara com Olivares, o camisa 7 se atrapalhou com a bola e mandou para fora. No fim, quando todos esperavam Rafael Moura para tentar um abafa final, além de ajudar o extenuado Fred, Micale colocou Otero, que em nada ajudou.
Mesmo mostrando um “esqueleto” tático, o Atlético foi, mais uma vez, um time pobre em ideias ofensivas. Se o time de Roger Machado era muito criticado pelo excesso de cruzamentos, o de Micale não fica atrás: foram 43 ao longo dos 90 minutos. Conhecido por buscar se associar com os jogadores de lado, nesta quarta Cazares procurou os cantos do campo com o único objetivo de alçar bolas na área. Rafael Carioca, por sua vez, foi o atleticano mais lúcido em campo. Dono do meio-campo, o volante era muito procurado para iniciar os lances de ataque.
Parece difícil, mas o abatimento causado pela desclassificação terá que ser breve. O Atlético vive situação delicada no Brasileiro, precisando vencer logo para se afastar do Z-4.
Os erros cometidos por Daniel Nepomuceno estão claros, e passam diretamente pela falta de convicção nos trabalhos realizados pelos técnicos que passaram pelo Galo durante seu mandato. Na coletiva concedida após a partida desta quarta, o presidente classificou como “obrigação” a presença do Atlético na próxima edição da Libertadores.
A meta, além de estar bastante descolada da realidade, acaba soando como uma espécie de soberba. Neste momento, o que o Atlético menos precisa é ter que cumprir algum tipo de “obrigação”. Vale lembrar que Micale tem apenas quinze dias de clube, muito pouco para que sejam traçados grandes objetivos. É hora de parar, pensar e planejar, desde já, a próxima temporada.
-
Por: @ghpeixoto