Cruzamentos em excesso: de quem é a culpa?
Por: Guilherme Peixoto
18/08/2017 - 10:55
Nas últimas semanas, uma certeza invadiu a mente do torcedor atleticano: o Galo faz cruzamentos em demasia. Ao longo deste ano, não foram poucos os jogos que terminaram com o Atlético levantando 30, 40 ou 50 bolas. Apesar de assustadores, tais números devem ser analisados sob vários aspectos.
Uma das principais críticas ao trabalho de Roger Machado passava justamente pela grande quantidade de cruzamentos. Afinal de contas, com o material humano que tinha à disposição, ser refém das jogadas aéreas era muito pouco. Quando o time necessitava de gols para empatar ou vencer partidas, colocar Rafael Moura ao lado de Fred era a solução mais comum. Em seu último duelo comandando o Atlético, Roger viu sua equipe cruzar incríveis 53 vezes.
A troca no comando técnico fez muitos acreditarem que o problema seria resolvido num passe de mágica. Contra o Jorge Wilstermann, entretanto, o Atlético optou por cruzar em 43 oportunidades. Contudo, é preciso entender as verdadeiras causas da situação, que ocorre principalmente contra equipes fechadas.
Adepto do “jogo apoiado”, Roger fez o Atlético atuar com a bola no pé, trabalhando a posse com calma e paciência, buscando os espaços para realizar infiltrações. Vivendo momentos ruins, os meias e atacantes do time – à exceção de Cazares – se “escondiam” e davam poucas opções de tabela e associações. Sem alternativas, restava aos jogadores de lado uma única solução: cruzar. Feitos de forma errada na maioria das vezes, os levantamentos acabavam parando nos defensores adversários.
Mesmo sob a batuta de Micale, o excesso de cruzamentos acabou acontecendo em algumas oportunidades, sobretudo na partida que eliminou o Galo da Taça Libertadores. “Espetados”, Marcos Rocha e Fábio Santos participaram ativamente dos lances ofensivos.
A ausência de pontas, porém, fez com que eles jogassem “sozinhos”. E como a forte marcação do Wilstermann impedia a ida dos laterais até a linha de fundo, a opção eram os cruzamentos da intermediária. Conhecido por procurar os flancos, Cazares até tentou ajudar, mas sem ter ninguém para dialogar, o equatoriano também precisou apelar para os cruzamentos.
No último domingo, contra o Flamengo, o Atlético cruzou apenas 15 bolas, sendo 10 delas no primeiro tempo. Apesar de mostrar algum avanço em termos de repertório, o Galo enfrentou uma equipe que se lançou ao ataque, deixando espaços atrás. Além disso, a expulsão do peruano Trauco contribuiu para fazer fluir o jogo atleticano. Para o próximo embate, contra o Fluminense, no Rio, o torcedor espera ver um Atlético ainda menos dependente das bolas altas.