Enviado pelo Atleticano cineasta Lobo Mauro
"Quando se sonha tão grande a realidade aprende'. É o equivalente ao gritos 'Eu acredito!' ou 'Yes, We CAM'. E também é título de um curta-metragem sobre o Galo. Mais especificamente sobre um momento visceral: a defesa de Victor na cobrança de pênalti contra o Tijuana.
E o curta se deu assim: depoimentos dos torcedores foram colhidos logo após a partida versando sobre onde estavam, o que viram e sentiram nesse dia, momentos antes e durante à marcação do pênalti. E foram muitos depoimentos de arrepiar. De várias frases desses depoimentos foi elaborado um único texto, multivozes, que foi narrado pelo mito Willy Gonser.
A seguir, algumas cenas foram gravadas com torcedores, mas no cotidiano, numa mistura de documentário e ficção: eles escolheram e construíram comigo uma ideia para aparecerem no filme, mas sempre sendo lembrados do seguinte: 'olha lá, que o filme se passa antes do jogo do Tijuana. Então nada de aparecer com camisa de patch de Libertadores'. Uma torcedora, por exemplo, escolheu aparecer fritando um ovo, outro preferiu mostrar sua dúvida com qual camisa iria ao campo. E por aí vai. As cenas são geralmente rápidas, de poucos segundos.
Agora, vamos ao que interessa: chegou uma parte da narração em que a dúvida, tristeza, deprê e raiva nos abatem. Eis o texto da cena narrada por Willy Gonser:
"Certeza que fui pra um universo paralelo. Vou largar o Galo, hora de esquecer, achar algo para me desligar de vez. Por que eu vim assistir esse jogo? Eu, que não ia a um estádio há 11 anos, estava a segundos de ver toda a tristeza Atleticana. A bola vai entrar e a culpa será minha, claro. Maior pé frio!"
Meus caros, essa narração dura exatos 21 segundos e meio. E isso é uma eternidade pra um curta-metragem. E claro, empaquei na edição. Nenhuma cena filmada cabia aqui. Dois dias atrás me veio o insight, só que olha a crueldade: uma cena quase épica com várias pessoas, muitas! Uma mundo de mascarados Atleticanos invadindo a tela. Quase um épico de hollywood.
Tirando a quantidade, a ideia é simples. Usamos a máscara pra assustar os mexicanos, mas isso é brincar com a morte. E aí a morte brincou com a gente. Ali na cena, somos isso: a morte nos tripudiando, tirando sarro, rindo do nosso desespero. É uma cena de zoação total. Então, estaremos todos lá, perfilados, máscaras do pânico (ou outras que remetem à morte), dançando a macarena! E não há desculpa pra vergonha: ninguém vai ver o rosto de ninguém mesmo, né.
Devo ter ficado megalomaníaco, talvez. Só que me lembrei da motivação que me fez fazer esse filme: a necessidade quase que de sobrevivência mental de compartilhar o turbilhão de emoções que cada um sentiu naquele dia. Essa cena é isso, meus caros, e a mais importante de todo o filme: ali, no set de filmagem mesmo, nossa celebração conjunta. É pra gente se divertir."
Local: Praça do Papa
Dia: nessa sexta-feira, 7 de fevereiro
Hora: 20h às 21h (e tentando não matar a noite de ninguém)
Informações: https://www.facebook.com/events/703248653029220/