Domingo de gala para o Sport. O pobre Santo Amaro é humilhado com uma goleada recorde: 14 a 0. Dario, o Dadá Maravilha, faz 10 gols, superando a marca de oito, estabelecida por Pelé contra o Botafogo de Ribeirão Preto.
Ao final da partida a imprensa pernambucana cerca Dario e o provoca: o próximo adversário é o Íbis. Dá pra fazer 20?
Ozir Ramos, presidente do Íbis, fica indignado e desafia alguns jornalistas para uma aposta. "Contra o Íbis, Dario não fará gol", diz ante os incrédulos jornalistas.
Chega o dia do jogo. Momentos antes, jogadores prontos no vestiário, entra o presidente e chama o centroavante, um negro alto, muito forte. "Cidinho" - diz com firmeza -, você hoje tem missão especial. Vai marcar Dadá. Vai jogar com a três".
Cidinho nem acredita no que ouve. "Mas presidente, eu não sou zagueiro, não sei marcar!". Ozir tenta tranquiliza-lo. "Não se preocupe, é só fazer como eu mandar que vai dar tudo certo. Agora olhe, leve aqui este alfinete. Quando Dadá subir para o cabeceio, você espeta ele."
Assim foi até o final do jogo. Dario subia, Cidinho subia junto e o alfinete ia direto para o bumbum do artilheiro. Dadá grita, reclama, fala com o juiz e nada. Ninguém acredita.
Já no fim do jogo, o atacante se aproxima de Cidinho e sussura em tom de pedido. "Meu filho, não faça isso comigo não. Você é muito jovem, tem toda a carreira pela frente. Eu não posso ficar sem marcar conta o Íbis. Vou ficar desmoralizado."
Comovido com o pedido o com a consciência pesada, não se sabe, o fato é que Cidinho decide jogar fora o alfinete. É a conta. Primeira bola alçada e Dario, o Dadá guardou no fundo das redes seu gol. Não se sabe se Cidinho arrependeu, mas o pior time do mundo esteve perto de barrar o homem do gol, o homem da felicidade com um simples alfinete.
Mais uma de tantas histórias vividas por esse herói anti-leis.
*texto retirado do ALMANAQUE DO FUTEBOL BRASILEIRO DE 1996.
Peço licença à nação alvinegra para postar esse texto, pois mesmo sendo da equipe de Recife, envolve Dadá, que é um jogador que eu admiro por ter vestido nosso manto com muito amor e respeito.
