De todas as torcidas, és única

Por:
01/09/2010 - 17:00


Um, dois, quatro, dez, cinquenta, cem torcedores atravessam as ruas que ligam ao estádio carregando uma só bandeira. Alguns se conhecem desde a infância, outros se conheceram a alguns minutos, mas todos se entreolham sabendo que ali todos tem, de certa forma, um elo para toda a vida.

Entregamos os livros sobre aquela partida para a máquina que nos devolve carimbado. Sim! São livros para o futuro, isso que todos chamam de ingressos, mas o dicionário do atleticano apaixonado permite que também sejam chamado de álbuns de fotografia.

A maioria ali ainda é jovem, mas guardam seus ingressos pensando no futuro e visualizando a cena: "Oh meu filho, esse jogo aqui eu carregava o bandeirão e na minha frente havia um atleticano que deixou o pai no hospital prometendo voltar com o resultado positivo. Ele voltou, o pai melhorou e ele teve a certeza que foi uma cura através da felicidade proporcionada pelo Galo."  - "Esse aqui está meio apagado, mas nesse jogo eu vi uma senhora que passou a noite a catar latinhas para conseguir dinheiro e ver o Galo sendo campeão. Achei que ela não aguentaria ficar em pé, mas foi eu quem não aguentei cantar e pular no ritmo dela."

Ao chegar na arquibancada, deixamos o bandeirão no chão. Hoje ele estava mais pesado pelos últimos resultados e pelos planos que não foram como queríamos, mas agora é hora de descansar. Porém, no mundo atleticano, descansamos de maneiras diferentes. Descansamos com o "olê olê olê Ô Galo eu vim aqui só pra te ver" ou "Somos, somos alvinegros e apoiaremos o Galo para sempre". E assim, descansando, às vezes sequer vemos os gols.

E o gol tira daquele tecido todo resultado negativo, nos faz esquecer tabelas, cálculos e chances de classificação. O bandeirão sobre para tampar o rosto dos marmanjos que não seguram as lágrimas ao cantar o hino. A gigante bandeira sobe, mas nem todo tecido do mundo poderia tampar a felicidade da Massa que agora tem a certeza que é o povo mais feliz das últimas dez décadas.

Eis que alguém na torcida adversária pergunta - "Mas como? Como ser feliz sem tantos títulos nacionais ou internacionais?" - A resposta está na comemoração! A torcida atleticana não comemora títulos, ela comemora sua existência e esse é o mais puro sentimento.
E assim, sobe o bandeirão....

ABRAÇO NAÇÃO!

Fael Lima

Twitter Cam1sa Do2e

*O vídeo no início do texto é do Projeto Brasileirão Petrobrás e foi gravado na última semana em Bh e Ipatinga. Show de bola o resultado final e agradecemos aos produtores que souberam por uma semana o que é ser Atleticano.