Antes fosse ódio, para que eu falasse tudo que quisesse, botasse para fora o sentimento de revolta e depois me acalmasse.
Talvez fosse melhor uma luta por uma posição no meio da tabela, que não despertasse sonhos, que não gerasse planos e não tirasse noites de sono. Quisera eu que fosse raiva o que sinto agora, para jogar tudo pela janela e fingir que não existe esse alvinegro sentimento.

Mas o que sinto hoje é decepção e esse é o sentimento mais triste que se pode ter quando sonhos são dilacerados. O ódio é curado após momentos de reflexão ou quando a situação é revertida, assim como a raiva que é morta até mesmo pelo tempo.
Difícil é ignorar o amargo gosto da decepção, que é sentido pelo paladar moral logo pela manhã. Decepção deixa uma insistente raiz, que sofre uma mutação, se tornando desconfiança; desconfiança de que não valerá a pena confiar de novo e que por mais firme que pareça estar o castelo, ele voltará a cair.

E nós, que construímos esse castelo por anos e anos, mesmo que sem condições às vezes, somos chamados de bipolares por pessoas que são moradores temporários desse reino.
Um castelo que sente falta sim, Senhor Correa, dos garotos que passaram por aqui em 2006, pois mesmo jovens, eles compraram uma briga que eles não começaram. Em 2006, eles tiveram imensa coragem para salvar uma nação que estava com sua história ameaçada, enquanto vocês, com nomes e contratos europeus se acovardaram quando tiveram a chance de levar esse mesmo reino ao auge dos seus dias.

Tenho pena é de ti, Correa, que se compara aos jogadores de 2005, quando poderia virar referência como "os jogadores de 2009".
Tenho pena é de ti, Celso Roth, que se acovarda em seu próprio território e prefere continuar eternamente nos mesmos erros sem tirar o antolho (apetrecho usado para tampar a visão lateral de burros).

Aplausos vão somente para essa torcida, que mesmo com a decepção apertando seu coração fortemente, ano que vem ela estará com a bandeira nas mãos, a surrada camisa no corpo e a cantar o hino do reino. Isso é o que me faz ver que somos bipolares realmente. Somos apaixonados e loucos, vaiamos para fazer o bem, cantamos após um rebaixamento, somos felicidade e lágrimas, somos uma vez até morrer em um time imortal.
Não te culpo Celso Roth, pois traduzir e compreender essa torcida atleticana é impossível; mas lhe digo que entre sentimentos de ódio, tristeza e decepção, um sentimento que você não deixará é o da saudade.