No meu último texto, escrevi sobre o grande goleiro Mão de Onça, que defendeu o Galo por vários anos, fez parte do time Campeão do Gelo e foi quatro vezes campeão mineiro. No texto de hoje, vou contar um caso que teve participação direta do goleiro.
Em 1950, o Atlético fez uma excursão de mais de dois meses por gramados do nordeste brasileiro após a chegada da Europa. Quando estavam próximos do retorno a Belo Horizonte, o time ficou por dois dias no Recife para fazerem compras e despedir das praias nordestinas.
Naquela época, era comum encontrar vendedores de animais silvestres em portas dos hotéis. Os “produtos” mais vendidos eram pássaros e macacos. Grande parte dos vendedores eram trapaceiros e faziam de tudo para vender os animais, inclusive passar tinta nos pobres coitados para que parecessem mais vibrantes e com mais saúde. Os macacos, inclusive, eram dopados para parecessem tranquilos, dóceis e amigáveis.
Zé do Monte, um dos maiores nomes do time mineiro, comprou um macaco desses, com aproximadamente 5 quilos. Era comum a venda de micos-estrela, mas o ídolo alvinegro preferiu um de grande porte. Na época, não era proibido levar animais dentro das aeronaves. Todo o time e o restante dos passageiros ficaram impressionados com a tranquilidade do macaco.
Após duas horas de voo, o efeito do álcool passou e o macaco começou a pular de um lado para o outro no avião. Foi um terror generalizado. Talvez pânico seja a melhor palavra para descrever a situação. Do fundo do avião, Kafunga gritou para que chamassem Mão de Onça para dominar a fera. Depois de uma perseguição dentro do avião, o macaco venceu e Mão de Onça voltou ao seu lugar.
O “salvador” de todos foi o piloto. Um pouso de emergência teve que ser realizado para que retirassem o macaco da aeronave. Até a polícia da cidade (não existem registros sobre qual cidade ao certo) foi chamada para ajudar na retirada do macaco. O maior prejudicado com toda a história foi Zé do Monte, que voltou para casa sem o “investimento” que havia feito.