Na arquibancada do Mineirão, um bate papo acontece no intervalo do jogo, logo abaixo da minha cadeira:
- Em qual Estado nasceu o Diego?
- Ah, sei não!
- E qual clube que o revelou?
- O Tricolor, o Flamengo ou algum outro do interior paulista.
Eu, mesmo sem ter sido convidado para o diálogo, passo propositalmente entre os alvinegros cheios de dúvida e falo em tom áspero.
- Nascido em Minas, criado no Galo, revelado pela torcida atleticana.
E quem disse que ele não é mineiro? E quem disse que ele não foi formado aqui?
Antes de chegar a Minas, Diego Tardelli era um jogador como os outros, com a missão de entrar em campo e jogar os 90 minutos que fazem parte da regra no futebol.
Em Minas, Tardelli entra em campo na noite anterior, fazendo parte do sonho do torcedor, ele é quem faz o atleticano respirar com confiança nas horas que antecedem o jogo e é ele quem faz a trilha sonora rumo ao Mineirão.
Se antes os gritos de Galôôô e o hino do Clube davam ritmo à caminhada dos atleticanos em direção ao estádio, hoje um Ratátá imortalizado na voz do radialista Mário Henrique (Caixa) virou o grito da certeza dos gols que aqueles loucos atleticanos testemunharão logo mais.
Desculpem-me por insistir na palavra sonho, mas foi ele quem nos revelou quais eram os dele. Através do seu contato com a torcida na rede virtual Twitter, Tardelli confessou que a cena dele ser carregado nos ombros pela sua nova Nação após um título, lhe fez passar noites em claro, ele já sabia do poder dessa Massa em parar uma cidade, um Estado, o mundo.
Em outros times, o jogo só começava para Diego com o apito do árbitro, mas essa nação alvinegra o mostrou que é possível arrepiar já nos vestiários. Os gritos de Tardelli-Gol-Gol fizeram esse cara sorridente perceber que em Minas a festa não dura somente 90 minutos.
Tudo isso causou o renascimento de Tardelli, que se tornou mineiro autêntico.
Alguém que se viu, por mais de uma vez, diante de propostas milionárias nesses últimos meses e mostrou aos demais profissionais do futebol que não há dinheiro que pague o prazer de chegar à Seleção pelos caminhos alvinegros.
Ninguém conhecia esse lado “Tardelli”, e fomos nós que revelamos para o mundo.
Ele foi capaz de parar em campo por mais de um jogo, para nos observar na arquibancada, Diego foi a ponte que há anos não tínhamos, fazendo com que crianças passassem a torcer pelo Galo para serem como ele, passamos a crer que a imortal mística da camisa 9 estava de volta.
Diego Tardelli deixou que sua pele absorvesse essa camisa e deixou que sua alma aprendesse a cantar esse hino e hoje não tenho dúvida alguma que ele é nascido em Minas, criado no Galo e revelado pela torcida atleticana.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima