Sim meu filho.. é esse o Mineirão que eu sempre lhe falei. É esse estádio que eu dizia tremer com a torcida cantando e pulando, quando na verdade era eu quem tremia.
Olha lá filhão, a torcida que tantas histórias contei, tantas cenas relatei, desde a barriga da sua mãe. Hoje essa Massa está como eu me lembrava. Solta as feras, bandeirão, palmas, o hino, esse grito de doce loucura, de loucura pura, dessa Galoucura.
Desculpa chorar filho, mas é que o time entrando em campo, me faz ver que esse Clube vai existir para sempre. Não ganhamos há tantos jogos, e todos em campo mostrando essa vontade, a torcida captando essa energia, mostra que você viverá isso também com nossa próxima geração.
Sei... sei que o gol não foi nosso, mas não me pergunte porque ainda cantamos mais alto. Não me pergunte porque aquela turma do bumbo não parou nem no intervalo. Eu nunca pude decifrar essa nação de atleticanos, mesmo tentando fazê-lo a tempos, sabendo que um dia poderia escutar você me questionando porque eles são assim.

Liga lá pra casa e confirma, pois tenho a certeza que escutaram nossa comemoração de lá. Ensurdecedor né? Hoje a noite isso ecoará na sua cabeça e seu coração irá disparar, foi assim que tive a certeza que era atleticano na infância.
Não é coincidência você aqui e os homens do apito interferindo, afinal isso acontece sempre. Amanhã as famílias dos nossos jogadores estarão orgulhosas, nossa família estará orgulhosa, essa torcida também... mas fico com pena é dos filhos desse trio, que devem ter uma vergonha inversamente proporcional à honestidade dos mesmos.

Levanta a cabeça filho. Olha pra frente e veja essa charanga saindo nesse carnaval, mesmo com nossa derrota. É isso que diferencia nosso povo, essa certeza de um amanhã melhor, certeza que esse gosto amargo de lágrimas amanhã se transformará no grito de campeão. Levanta a cabeça filho. Amanhã metade dessa torcida adversária sequer saberá quem esteve em campo, mas nós ainda conseguiremos nos lembrar das melhores escalações da década de 70.
Esse seu pai aprendeu que a resposta não está no chão, nem nas palavras de ofensa aos que nos prejudicaram. Não lhe digo que serás feliz para sempre nesse território atleticano, mas lhe afirmo com total certeza, que após uma derrota, você não verá do outro lado algumas cenas que acontecem aqui.
Aquele casal de namorados trocando juras de amor eterno um pelo outro e principalmente ao Galo, aquela senhora que já passa dos 75 anos balançando uma bandeira, aquele cadeirante que pode viajar para qualquer lugar enquanto canta esse hino, aquela turma de amigos que vai pro bar planejar o próximo jogo.
Do outro lado, você não encontrará um pai tão orgulhoso após uma derrota, pois sabe que apresentou o perfeito mundo alvinegro ao filho, e a partir de hoje, tudo é realidade.
É esse o Atlético que eu sempre lhe falei meu filho... Um Galo Forte e Vingador que dá sinônimos diferentes ao verso "Vencer, Vencer, Vencer".