Nós que somos filhos d’Ele, nós que somos alvinegros, nós que temos uma crença única.
Não cremos em vidas passadas, pois não seríamos nada antes de 1908.
Cremos que o mundo atravessava milênios de céu e oceano azul, quando alguém achou que era hora de equilibrar isso com uma beleza alvinegra.
Ele que criou a vida, não nos deixou ser imortais, para que pudéssemos provar nossa fidelidade nos versos “Uma vez até morrer”. Ah, como eu queria ser imortal! Poder ver que nos próximos séculos sempre haverá uma criança a gritar “Galo”!
Ele que é responsável pela criação de tudo o que existe, quem controla todas as forças da natureza. É princípio, meio e fim.
É quem nos escolheu para que fôssemos mais rápidos que o vento, nos deu o direito de voar, de superar a dor, sermos geniais e ter uma super-força. E quando tudo isso acontece, há uma explosão em forma de hino, uma loucura do bem, um espetáculo alvinegro que O faz não sentir falta do azul do oceano.
Com todos esses poderes, nós só não podemos interferir no tempo, nem na sorte, assim como não podemos fazer justiça, mesmo sendo evidente a injustiça.
Nós podemos abandonar essa fé, ou escolher outro caminho; sempre há essa opção. Mas como abandonar? Como fingir que não existe, se a bandeira teima em subir? Como deixar tudo, se eu prometi muita raça e amor?
Eu faço parte dessa crença com mandamento único:
“Ame, cante, vibre, seja alvinegro, seja uma vez até morrer, sem se perguntar o por que.”
Eu faço parte dessa crença centenária, que se renova sempre, que mudam os tons de pele, as idades, e as classes sociais, mas o brilho no olho é o mesmo; o brilho como o de uma estrela amarela; uma estrela como tantas próximas a Ele.
Sortudas! As únicas que podem ouvir ele sussurrar... “Nós somos do Clube Atlético Mineiro...”