Manifesto – Por um futebol de todos e todas

O futebol está intrínseco à alma do nosso povo. No imaginário popular, as arquibancadas são tidas como um espaço de igualdade, onde negros e brancos, pobres e ricos, homens e mulheres são indistintos durante noventa minutos. Entretanto, tal qual o jogo de bola, o preconceito também criou raízes no comportamento da sociedade brasileira. Casos de machismo em estádios e redações são frequentes, criando um ambiente altamente tóxico e desfavorável às mulheres.

Recentemente, a campanha #Deixaelatrabalhar, encabeçada por 52 jornalistas esportivas, fez esse debate vir à tona como nunca antes. Ao serem obrigadas a lidar com casos de assédio e intimidação, torcedoras e profissionais da imprensa sentem-se acuadas e, em algumas ocasiões, desamparadas frente às situações.

No Camisa Doze, o quadro “Camisa Delas” mostra a rotina de torcedoras comuns, que vão ao estádio para apoiar o Atlético a qualquer custo, enfrentando, inclusive, a resistência de familiares que julgam o campo de futebol como um espaço “incompatível” à natureza da mulher. Nos tradicionais vídeos pós-jogo, assim como no “Deixa eu Falar”, a participação feminina é constante e indispensável.

Ultimamente, contudo, os vídeos que contam com a presença de mulheres têm sido alvo de comentários misógenos e machistas. Disfarçadas de “críticas”, as inserções ultrapassam o limite do bom-senso e, por vezes, partem para o caminho da objetificação do corpo. Nossa colaboradora Lorena Fernandes, que participa de diversas atividades do blog, sofre constantemente com ataques machistas nos comentários dos posts.

Foi por isso, inclusive, que, em 2016, torcedoras do Galo se juntaram para lutar contra esse tipo de discriminação e, desafiando a lógica vigente no futebol, criaram a Grupa.

Para entender de futebol não é preciso saber a regra do impedimento ou a escalação da equipe campeã nacional em 1971. Basta possuir o maior e mais verdadeiro sentimento do mundo: o amor, que é sincero e não cobra nenhum tipo de contrapartida.

Este site é feito por homens e mulheres que, juntos, buscam dar forma a conteúdos de qualidade que tratem de futebol. Todo homem, aliás, é passível ao machismo. Ele está presente em atitudes sutis e quase imperceptíveis. É preciso estar em um constante processo de desconstrução.

O Camisa Doze repudia qualquer tipo de ato machista e misógino. Somos movidos pela paixão, mas, acima de tudo, guiados por deveres éticos e sociais. O blog não admite nenhum ato de desrespeito contra a nossa colaboradora Lorena Fernandes, nem contra qualquer outra mulher. Comentários ofensivos e machistas serão apagados de nossas redes sociais.