Golear ou apenas vencer?

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22/03/2012 - 14:13

o trio 300x225 - Golear ou apenas vencer?

27 de setembro de 1931. Atlético e Villa Nova chegavam a mais uma final de Campeonato Mineiro. O Galo termina o primeiro tempo perdendo por 3 a 0. Três lendários jogadores estavam em campo.  Jairo, Said e Mário de Castro. Esse era o temido trio maldito. Na volta do intervalo, Mário de Castro, que havia sido hostilizado pela torcida de Nova Lima, prometeu vingar os três gols sofridos pelo seu time e o desprezo sofrido no intervalo de jogo. Fim do jogo: Galo 4 a 3. Quatro gols de Orion, como era conhecido Mário de Castro.

a dupla - Golear ou apenas vencer?21 de novembro de 1999. Atlético e Cruzeiro disputavam o segundo jogo das quartas-de-final do Campeonato Brasileiro. O time adversário era considerado tecnicamente superior ao Galo e sua torcida, junto com a imprensa, já contava com sua classificação, mesmo com a vitória atleticana no jogo de ida. Durante a semana, os jogadores atleticanos pregavam a cautela em suas entrevistas, enquanto os atletas cruzeirenses pareciam contar com a vitória. O artilheiro atleticano, Guilherme, prometeu vingança. Fim de jogo. Galo 3 a 2. Dois gols de Guilherme, sendo um de peito, lembrado por todos os atleticanos até hoje.

11 de outubro de 2008. Atlético e Flamengo. Ano do centenário atleticano. A campanha do Galo era deplorável no Campeonato Brasileiro. O Rio de Janeiro estava parado para essa partida, que prometia uma goleada flamenguista em cima do quadro alvinegro. No time flamenguista, estavam jogadores que miravam convocação para a Seleção Brasileira, como Bruno, Leonardo Moura, Ibson e Marcelinho Paraíba. No Galo, nenhum jogador parecia conseguir fazer a diferença. Diante de mais de 81 mil pessoas, os dois times disputavam uma partida que parecia já ter um resultado certo antes mesmo de começar. No final do jogo, o placar apontava: Galo 3 a 0. Um exemplo de raça de um time fraco tecnicamente.

castiilo gol - Golear ou apenas vencer?Nesse ano de 2012, vimos o Galo virar três jogos consecutivos no Campeonato Mineiro. América, Nacional e Villa Nova foram os adversários. A diferença que vemos desses três jogos e dos três jogos que apontei acima são as qualidades dos elencos. Em 1931, o Villa Nova era um time de ponta no futebol mineiro. Em 1999, o Cruzeiro era considerado favorito ao título por ter o melhor elenco e ter chegado à final no ano anterior. Em 2008, o Flamengo visava o título e estava presente entre os times que se classificariam a Libertadores até então.

Apenas em 1931 tínhamos um quadro de estrelas. Em 1999, tínhamos um elenco limitado tecnicamente, com poucos jogadores capazes de fazer a diferença. Em 2008, nenhum jogador atleticano tinha a capacidade de chamar o jogo para si e fazer a diferença.

Será que o time de 2012 está no caminho certo? Será que estamos indo bem, conquistando viradas em cima de times pequenos?

Eu mesmo respondo. Essas viradas e placares pequenos contra times de menor expressão mostram que o elenco atleticano não está pronto para um campeonato do nível do Brasileirão. É preciso trocar algumas peças do atual quadro que não somam, mas subtraem. E uma verdade (apenas para citar) é que a lateral esquerda do Galo não tem jogador, tem peças que servem apenas para respeitar a regra de 11 jogadores em campo.

Por outro lado, vencer todos os jogos por goleada pode ter um lado ruim. Os times pequenos não servem de base para campeonatos maiores e o elenco atleticano pode ser colocado em um patamar superior pela torcida, imprensa e jogadores por conta das vitórias expressivas.

Quando chega a hora de enfrentar os grandes clubes brasileiros, o nível é outro e o time não estaria preparado. Então, aconteceria o que sempre vemos: primeiras colocações no Mineiro e brigando para não cair no Brasileiro.

Essas vitórias magras no Campeonato Estadual deveriam servir para mostrar que o Atlético não está preparado para o Brasileirão. Deveriam servir para consertar os erros. Deveriam servir para retirar peças sem importância no elenco e substituir por quem queira e consiga fazer a diferença.

Imagens: Galo Digital e Internet

Lucas Alves
Galo Digital