Hoje, quando passo em frente ao Mineirinho, é como se estivesse diante de um memorial, de um túmulo. Ali estão enterrados dias de glórias, dias de festa, dias insubstituíveis.
Dias que provaram que estádios já não cabiam essa torcida, sendo preciso ginásios mundo a fora para dividir esse amor. Era um sonho real, uma inovação do verso "pelos gramados do mundo pra vencer", diante dos nossos olhos, a história acontecendo com milhares de testemunhas provando a fidelidade com o Atlético, não importando o lugar.
Adversários gigantes no Brasil e no mundo, quase imbatíveis, mas que deram o azar de encontrarem um time que respirava os ares da sua torcida. Um time que sabia cantar o hino daquela camisa, craques que eram torcedores após o jogo, jogadores que iam embora com a torcida pelos mesmos portões, ação essa que os agigantava.
Que saudade! Como eram perfeitas aquelas manhãs de domingo, com um ginásio se tornando aquarela para a pintura daqueles artistas, usando com genialidade toda a emoção e energia que estavam sobre o Galo.
Esses dias foram a prova para os astrônomos que as estrelas não são eternas. Talvez subliminarmente tenhamos desconfiado que um dia fosse necessário a despedida, e por isso aproveitamos de forma tão intensa.
Há a sensação de perda, algo querido que se foi, mas as lembranças prazerosas preenchem esse espaço vazio.
Por um tempo deixamos de sonhar em sermos os craques do gramado, e crescemos sonhando em ser Manoel Tobias, Lenísio, Falcão, Índio, Vander Carioca, entre outros, e confesso ainda viver esses sonhos.
Sei que tais dias jamais voltarão, ou sequer veremos algo igual, tampouco escrevo aqui na esperança das atuais administrações ressuscitarem esses momentos. Escrevo para registrar esses momentos às futuras gerações, dando-lhes a chance de se arrepiarem com esse Galo qué é imortal por onde passa.
Queria a chance de, ainda em vida, deixar meus olhos verem novamente o futsal do Galo, ver aquela loucura nas arquibancadas, ver aquele amor incondicional, ver o Mineirão se ajoelhando diante do Mineirinho, ver a seleção brasileira do esporte com os mesmos que vestem o manto alvinegro; viveria tantos anos mais para, novamente, me pegar lembrando e lembrando....
Mas não voltará, sei disso, então sente do meu lado Galo; sente-se e lembre também do show que demos juntos. Vamos relembrar e traçar os planos futuros nos gramados, nas quadras, nas areias, nas pistas e onde mais for preciso. O futsal foi um rio de águas alvinegras, que balançou o mundo, e sabendo da sua capacidade de renascimento, digo que ele ainda conhecerá todo o oceano.