Vai começar o Campeonato Mineiro 2010. Sirenes tocam no alto dos prédios ordenando em toda Belo Horizonte que se inicie a disputa onde os alvinegros de norte a sul do Estado contam os dias para gritarem que são campeões, os legítimos donos dessa terra.
O coração já descansou demais, agora é ele quem quer matar sua sede de emoção. E para a camisa atleticana não existem fronteiras, não há sotaques, não há diferença entre as montanhas da Zona da Mata e as baixadas do Triângulo Mineiro, pois o solo de norte a sul será coberto por essa mágica alvinegra nos próximos dias.
Já posso ver Ricardinho no alto da Afonso Pena com o pé sobre a bola, enquanto Junior corre pela Amazonas. Vejo Sheslon, Samuel, Marcos Rocha, Werley e toda a rapaziada da base escutando os conselhos de Marques na Praça Sete, até aquela gente que passa apressada aprende com as palavras do sábio Calango.
A torcida já canta o hino pelas ruas, e no meio da confusão, Coelho e Fabiano já sabem por que caminho chegaremos mais rápido ao topo da tabela.
Renan Oliveira, Serginho, Pedro Paulo e Welton Felipe estão num ponto de ônibus da Curitiba ao lado de operários, domésticas, pedreiros, estudantes, secretárias e doutores; doutores da felicidades que sabem que esse é o time do povo, são tradutores da mística alvinegra em trazer um sorriso mesmo diante de dificuldades.
Na Savassi eu cheguei a me confundir, não sabendo quem era jogador e quem era empresário, pois Benitez, Correa, Campos e Evandro vestiam o manto atleticano, assim como aqueles homens em seus carrões fazendo uma terapia de desestresse com o hino do Galo em volume máximo. Todos sabem que nenhum imóvel ou conta bancária repleta de dígitos se assemelha à satisfação após um grito de GALO!
E olha lá no Barro Preto o Carlos Alberto, Nicácio, Jonilson, Leandro e Saci passando com sorriso enorme no rosto, avisando em uma certa rua que em breve aquele imóvel azul estará de luto.
Peraí! Onde estão nossos goleiros? Ah sim, lá estão eles no Bairro de Lourdes, guardando nossa sede com segurança. Kalil fecha a janela para que ninguém veja quem está chegando.
Enquanto me distraí nessas cenas raras pela cidade, mal percebi que já era tarde de Domingo e o Campeonato Mineiro já começava para o Clube Atlético Mineiro.
Diego Tardelli e Muriqui driblaram e tabelaram por toda a Pampulha, e estão diantes do Mineirão. Os dois se entrolham e basta um soriso de Tardelli para que Muriqui saiba o que fazer.
A bola recebe um chute para o alto, arrancando uma risada até do frio Luxemburgo, quando começa toda aquela equipe a correr para a saída da cidade. Eles sabem que não basta conquistar a capital, pois nessa competição é preciso conhecer todas as pontas das nossas Minas Gerais.
Vale do Aço, Triângulo, Zona da Mata, Alto Paranaíba, Região de Caldas, Campo das Vertentes, Alto Paranaíba, Vale Jequitinhonha, de norte ao sul, de leste a oeste, aplaudem o espetáculo que se forma pelo time e principalmente pela torcida.
E se o Campeonato é Mineiro, que o campeão seja o time que honra o nome de Minas no cenário esportivo mundial, esse time do povo. Que a taça fique na mão dessa torcida que continua lutando a cada dia, como tantos que lutaram em nossa história, que a taça fique na mão desse Clube Atlético que é Mineiro.
