É só um jogo. Um jogo como qualquer outro dessa história centenária.
Um jogo com as mesmas sensações de décadas atrás; instintos que afloram involuntariamente, dominando seu dia a dia, sem que você perceba.
Basta alguns segundos de distração e você ja está na grande área do jogo, incentivando seu atacante, lhe contando o quanto é importante esse gol. Na hora sagrada da refeição, os talheres montam esquemas infalíveis no prato, já que não há apetite.
Não há sono, pois ainda faltam 12 escalações possíveis dos times, e você ainda irá visualizar seu lençol como aquele bandeirão que sobe, na esperança que as boas energias do pensamento, tragam bons sonhos.
Seu coração não bate num ritmo normal e apesar do calor, o suor que escorre pelo seu rosto é gelado, esfriando os ânimos e impedindo que você grite o nome do seu Clube bem alto, como fazem os soldados ao partirem para o ataque.
O tempo irá passar lentamente quando você vestir essa camisa, e a cada lance, haverá uma troca de olhares entre vocês, para que um busque forças no outro.
O apito final traz novamente todas as sensações para seu corpo. É possível perceber quantas noites passou em claro, os dias sem alimentar e o coração sem problemas, já que nos dias que antecederam o jogo, ele batia no ritmo do hino do Galo.

Caso o placar confirme a vitória, eu não preciso lhe pedir nada, além de muita comemoração consciente. Deixe os intintos de gritos, cânticos, palmas, risos e tudo mais dominarem seu corpo, pois não há ser no mundo que mereça essa festa mais que o atleticano.
Porém, escrevi todo esse texto unicamente para alertar alguns torcedores, caso haja um resultado catastrófico nesse fim de semana. Não prometam que serão menos fanáticos, pois vocês não são. Fanatismo é adjetivo de posse infundada, sem sentido, descontrolado. Diga somente que seu time não jogou um futebol com tamanho proporcional ao seu amor pelo Atlético, mas que sua confiança renascerá com o sol, no dia seguinte.
Não pense em dizer para sua camisa que não a vestirá mais, ou que a deixará um tempo guardada. Diga  que os que estiveram em campo não brilharam como aquela estrela que a acompanha, e saiba que ela também estará de luto ao seu lado.
Não tente fugir sequer por uma hora do seu envolvimento com o Galo, pois no outro dia você passará ao lado de uma imagem do Atlético, e a olhará com canto de olho, como um olhar que damos quando vemos aquela paixão antiga e os tais instintos novamente embalam o coração.

Fiquem tranquilos pois não sou paranormal e também o que digo não é uma forma pessimista de analisar o jogo. Escrevo somente para evitar algumas heresias da torcida em caso de revés alvinegro, o que acho difícil acontecer.
Aos que perceberam que descrevi com grande conhecimento de causa, eu assumo que por diversas vezes, cometi as falhas aqui descritas. Não posso garantir, que mesmo me precavendo dessas emoções, não volte a cometê-las, mas mesmo que aconteça fica a certeza que no dia seguinte minha sobriedade voltará.
Instintos são inevitáveis, mas não podem vencer as veias, artérias e esse coração, onde corre um sangue alvinegro. Não há dor de derrota, embalo de vitória, ansiedade de um jogo que supere o maior instinto de todos, no momento em que arrepiamos para cantar alto:  Clube Atlético Mineiro.... Uma vez até morrer.