Marco Aurélio seria um estranho no ninho?

 

                                                                            Foto: arquivo Pessoal

Coordenador da Seleção Feminina de Futebol, Marco Aurélio Cunha é casado e pai de João Paulo, Luiza e Maria. Formado em Medicina, ortopedista e especializado na área esportiva antes de ingressar a Gestão e Diretoria de Futebol. MAC, como é conhecido, foi entrevistado pelo Camisa Doze num papo amistoso e altamente agradável. Confira a íntegra e tire suas conclusões. Ao final do texto toda a carreira e ficha técnica do personagem estarão disponíveis.

Em sua última passagem pelo São Paulo, Marco Aurélio Cunha deu a seguinte declaração ao Blog do Perrone, ao comentar sobre a situação de Michel Bastos, que não vinha apresentando seu melhor futebol:

“Eu não recupero jogadores. Recupero pessoas e grupos. Dou oportunidade e sei a hora de não aumentar a pressão interna. A partir disso cada um assume a sua responsabilidade. Os melhores serão escalados segundo o treinador”. O período remete ao momento em que MAC foi tido como um dos responsáveis por alavancar o São Paulo e tirar o tricolor da zona do rebaixamento em 2016. “Minha participação foi tirar o peso do time. Os jogadores do São Paulo estavam muito deprimidos, acuados. Hoje já estão mais alegres e confiantes” – declarou em matéria noticiada naquela época pelo site

- Betinho C12:  Dr. Marco Aurélio, o Portal Fala Galo fez uma enquete e em uma amostragem de atleticanos seu nome foi o preferido para ser o Diretor do Galo, como você recebeu essa notícia?

- MAC: Olá, Betinho! Não poderia receber com maior honra tal comunicado, principalmente por ser um grande clube. Honrado demais, esse é o sentimento.

- Betinho C12: o seu nome foi ventilado em BH e a torcida gostou. Foi convidado a vir para o Atlético? Recebendo o convite você viria mesmo estando hoje na CBF?

- MAC: Não, não me ligaram e não me convidaram. Hoje estou na CBF na coordenação da seleção feminina lutando para melhorar a modalidade, tendo bons resultados apesar das dificuldades e até do preconceito de algumas ex-jogadoras que não se prepararam para o cargo, mas avançando bem. Aqui na CBF tenho o reconhecimento do meu trabalho, recebo muito bem e sou respeitado, porém, havendo um cargo vago e uma ideia de projeto de trabalho não tenho como negar servir um clube da grandeza do Atlético. Eu respiro desafios, eu respiro vitórias, Betinho.

- Betinho C12: todos sabem da sua paixão e vínculos com o São Paulo, mesmo assim toparia? Tem objeção ao trabalho com alguém?

- MAC: Certa vez, havia perto de onde morava uma competição de prédios vizinhos e me convidaram para jogar contra o meu prédio. Apesar de gostar demais do meu prédio, eu tinha desejo de ser respeitado por fazer bem. Tenho comigo um conceito: faça o bem e faça bem! Sobre trabalhar não tenho problema nenhum em relacionar, os problemas a gente resolve, todo dia começa novo e sem ressentimentos.

“Portanto, que fique claro que não me chamaram, não me ofereci até porque sou um profissional e estou bem na CBF, mas se o cargo estiver vago, tiver um plano de trabalho eu iria sim, como negaria um convite desses?!”

- Betinho C12: como seria trabalhar em um clube de outro estado e receber contestação de ser de fora ou não atleticano? O atleticano hoje deseja uma administração transparente e que saiba apaziguar, negociar e defender o clube, como seria sair da CBF para viver este momento?

- MAC: Certa vez, quando fui para o Figueirense e me perguntaram sobre eu não conhecer Santa Catarina e suas tradições e respondi: não quero conhecer a história de Santa Catarina, quero que façam conhecer o Figueirense além de Santa Catarina, o Figueirense deve ser  forte para o Brasil. Sobre ir para o Atlético é preciso que fique claro que não recebi o convite, sei que lá hoje está o Gallo, jogador que tratei e até me presenteou com a camisa dele que era de um dos seus gols mais importantes na carreira. Portanto, que fique claro que não me chamaram, não me ofereci até porque estou bem na CBF, mas se o cargo estiver vago, tiver um plano de trabalho eu iria sim, como negaria um convite desses?!

Sobre transparência e forma de trabalho, um detalhe: se em um jogo de cartas começa-se a perder sem explicações, temos que mudar o baralho, porque as cartas certamente estarão marcadas. Minha preocupação com a conduta profissional é tão grande que me policio e várias vezes vejo vídeos de vinte anos atrás e entrevistas minhas antigas. Acredito que evoluamos e as mudanças acontecem, mas valores não podem ficar no caminho e isso não se deve perder.

- Betinho C12: Vindo para o GALO alguém estaria pronto para fazer sua função? Quem seria no futebol o jogador referência para você? Algum recado para a torcida do Galo que mencionou você mesmo sabendo da suas raízes tricolores?

- Sim, Bia Vaz (auxiliar técnica) é o nome, moça que estuda e se prepara para assumir essas funções. Lugano é a referência. Um dia me disse: “Sempre, em todos os times que joguei tinham melhores zagueiros que eu, mas eu sempre joguei. A diferença é que eu sabia onde queria chegar e eles nem sempre”. Mais uma vez, agradeço pelas palavras afetuosas e fiquei extremamente feliz e honrado com esse reconhecimento.

Muito obrigado!

 

Ficha Técnica

- Marco Aurélio Cunha : 28/02/1954

- Casado: João Paulo , Luiza e Maria

-  Graduado em 1978 Universidade de Santo Amaro em 1978; Medicina Esportiva na EPM, hoje UNIFESP; - Residência em ortopedia e traumatologia;

– Médico pelo São Paulo de 1979(estagiário – chefe do departamento médico) a 1990

- 1990 e 1991 – Bragantino - Campeão Paulista (1990) e vice brasileiro 1991

- 1992 -1993 – Guarani (elenco tinha - Luizão, Edílson e Amoroso)

- 1994 – Juventude (Campeão da série B e Palmeiras da série A) – Consultor médico e de Gestão da Parmalat Brasil

- 1995 e 1996  - Kashiwa Reysol e Verdy Kawasaki – Consultor Médico e Esportivo

- 1996 - Coritiba – Diretor de Futebol

- 1997/1998 – Santos – Diretor de Futebol - promoveu a modernização do Departamento de Futebol e a profissionalização na gestão, medidas que propiciaram a que o clube se sagrasse campeão da Copa Rio – São Paulo e da Taça Conmebol, organizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol, além de mais tarde, ao surgimento de craques como Diego e Robinho

- 1999/2000 – Figueirense – Diretor de Futebol – subiu da série C para série B

- 2001 – Avaí – Diretor de Futebol

-2002 -  retornou ao SPFC, agora, como dirigente de futebol. Em sua gestão reformulou o Departamento Médico e criou o Núcleo de Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica (Reffis), contribuindo para que o clube retomasse a conquistas de expressão como a Copa Libertadores da América e a Copa do Mundo de Clubes da Fifa3 em 2005, assim como o tricampeonato brasileiro em 2006, 2007 e 2008. Toda essa atuação propiciou a que Marco Aurélio Cunha acumulasse grande experiência no cenário esportivo brasileiro, quer como médico quer como administrador.

- 2008 – Eleito vereador em São Paulo e reeleito em 2012

- Saiu do São Paulo em 2016 para ir para a CBF – Coordenador de Futebol Feminino até a data presente.

- Conselheiro vitalício do São Paulo e um dos nomes mais desejados para assumir a presidência do clube.