Véspera de jogo e eu já pensava se eu teria a chance de presenciar um Déjà vu no sábado. Aquela sensação de quando eu era moleque, e tudo estava complicado, mas tinha o Marques para aparecer e resolver tudo.
Saí da minha cidade e pelas centenas de quilômetros até Belo Horizonte eu já imaginava quantas vozes gritariam o hino que é sua marca registrada, quantas mãos pro alto o trariam de volta à sua casa de sempre. Confesso que ao pegar o ingresso até dei uma olhada imaginando aquela cara desconfiada estampada no cartão.
Já dentro do Mineirão, até ouvi falar da possibilidade de encostar no líder, de como seria o jogo contra o Vitória e dos próximos confrontos, mas nada era mais comentado que a volta do Calango.
Lá do outro lado do Mineirão, o Movimento 105 empunhava a bandeira com as escritas OLÊÊ MARQUÊÊSS, com o rosto do "Messias", e pude sentir nessa hora que eu vivia desses momentos históricos que você vê o vídeo na TV daqui 20 anos e fala pro teu filho: "Eu estava lá."
O que passa na cabeça de um jogador que do vestiário ouve 60 mil vozes chamando por ele? Existe profissionalismo para não deixar o coração disparar ao ser escalado pela torcida na escalação, mesmo estando no banco de reservas?
O jogo já havia começado, mas volta e meia eu conferia se no banco de reservas o "garoto" ainda estava sentado. Talvez fosse injustiça com os jogadores, que não tinham minha total atenção, como Carini que jogava por 10 homens e Jonilson que jogava por 33, mas eu só conseguia olhar pro camisa 33 que ainda estava fora das quatro linhas.
Um 33 que poderia ser 3x3 pra mostrar que é o eterno dono da 9.
Mas ele ainda está longe de se despedir dessa nação.
Ele que me fez comemorar sua participação no jogo de sábado como um gol, que me fez ver que ainda possui um ímã de goleiro nos pés, que me fez lembrar como é a paz de espírito ao gritar Olêê Marquêêêês.
Ele que me fará responder no futuro ao me perguntarem pra que time torço: "O Atlético do Rei, do Dadá e de tantos outros. O Galo do Marques".
Marques, lhe peço que drible o tempo, engane esse tempo como sempre fez com seus marcadores. Corre pra linha de fundo onde é doce a memória e manda na área onde milhões estarão esperando pra te eternizar no fundo das redes.
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