Nunca foi escanteio, sempre foi córner

Hoje o dia começou noite. Desde o nascer carregamos nossos heróis na Alma, aqueles que fazem festa no nosso coração.
Confesso que num mar de tristeza inundei meu coração com a chateação de ter perdido o meu companheiro das onze e trinta. Nossa geração precisava aprender com seu comentário. Estávamos nós prestes a chupar a última laranja antes do almoço. Era necessário afinar na perfeição para narrar os jogos de futebol de botão.
Tudo era muito simples amigo Willy. Era só ligar o rádio na tomada e você estava lá, antes do Rádio Esportes, antes do almoço. Nada era mais importante, nem as obrigações de lavar o carro ou não perder médias, que devíamos aos nossos pais. A casa  parava 11:30 para te ouvir, não era um comentário, era um pronunciamento. Minha mãe que sempre gritava: " Vem almoçar antes que esfria", só fazia depois de você falar.
Nestes cinco minutos, eu era feliz e enxergava sem ver. Isso mesmo, na sinestesia que troca os sentidos, pelo rádio, você fez cego enxergar. Já dizia meu avô aos domingos quando a voz imponente rasgava o ar no rádio: "Espia lá, quieta!"
Como não lembrar da descrição dos uniformes?!, O Atliiiético joga nas cores tradicionais, camisa listrada na vertical, shorts pretos e meias brancas...
...Não tínhamos internet, TV por assinatura. Eu acreditava em Deus, no meu pai e no Willy Gonser, todo o resto era mentira. Num rádio de pilha, via meu avô levantar os braços de alegria, não há como esquecer.