O choro do Rei e o fim dos nossos “apesares”.

O atleticano tem vivido dias mágicos que envolvem algo muito além desse título que está cada vez mais próximo e de certa forma, a gente não está sabendo muito como lidar. Talvez porque a gente ainda não entendeu o que estamos vivendo. E por isso APESAR de estarmos em um momento de conquista histórica, as comemorações tem sido tão sofridas e carregadas de choro ao invés de risos.

Não é só uma vontade de ir pra rua beber, gritar GALO, buzinar, balançar bandeira e soltar bomba! É uma vontade de chorar, uma tristeza estranha, a lembrança de quem não chegou até aqui pra ver isso, a vontade de reencontrar a turma que foi pro campo junto durante tantos anos e a vida separou.

Ao mesmo tempo que temos o melhor time da temporada e uma campanha que é o sonho de todo torcedor, a gente interrompe a euforia pra lembrar do quanto ficamos e cantamos por tanto tempo sem títulos e às vezes até sem time. Fazendo antes, exatamente a mesma festa que fazemos hoje em um ano histórico e para um elenco cheio de craques.

O título será, na verdade, a parte menos emocionante do que a torcida do GALO tem vivido nesses dias.

Eu realmente não sei dizer o que senti ao ver o choro do Reinaldo após o fim da partida em que o GALO venceu o Fluminense de virada em um jogo dificílimo, com dois gols do Hulk, que fez questão de homenagear o Rei que o assistia da arquibancada, erguendo o punho cerrado como ele fazia. Mas eu tenho certeza de que ele representa todos nós com aquele choro.

Aquele choro pode ser o de mais um atleticano saindo da fila de 50 anos. Pode ser o de um ex-jogador que recebeu uma justa homenagem durante uma festa linda ou pode ser pela sua história como jogador e o que representou para o país e consequentemente para o Atlético.

Eu imagino que também pode ser por tudo junto, assim como cada um de nós temos vários motivos pra nos emocionarmos além de simplesmente, o título.

Independente do motivo do choro do Rei e também o do nosso, seja qual for o motivo desse sofrimento em um momento que deveria ser de pura alegria, ele vai acabar. Vai ficar só a alegria e a história de ter suportado por tanto tempo algo que nos atormentava e que até agora a gente nem havia mensurado o quanto era difícil carregar isso.

Se o Rei foi um dos maiores craques da história do futebol brasileiro, a gente sempre deu show na arquibancada desde quando ele era jogador e permaneceremos até depois que os jogadores do time atual se aposentarem. Essa é a nossa carreira e onde adquirimos o nosso APESAR.

As citações ao Rei sempre foram cheias de merecidos elogios APESAR das injustiças que ele sofreu por lutar pelo certo contra um sistema corrupto e ditador. E quando o penalizaram, o castigo foi pra ele e pra toda a MASSA. A gente foi punido injustamente junto com Reinaldo. Da mesma forma a torcida do GALO sempre foi reconhecida como torcida fiel e apaixonada APESAR do jejum de títulos e das "derrotas polêmicas".

A partir de agora Reinaldo será citado como o craque imenso que é para a história do GALO, pois a justiça foi feita ainda que muito tarde e veio com o devido reconhecimento pela lembrança e homenagem do Hulk. E nós seremos citados simplesmente como torcida fiel a apaixonada que faz festas incríveis muito além da arquibancada.

Esse sentimento estranho vai acabar e nas próximas conquistas a gente vai chorar só de alegria. O Reinado é um gigante do futebol brasileiro e a torcida do GALO é fantástica. Sem os "mas", sem os "poréns", sem os "apesares".

Foto: Flickr do Atlético/Pedro Souza