Foi um ano difícil para todos. Um ano onde muitas estrelas estiveram apagadas, deixando nosso céu mais triste. Ainda me lembro daquele jogo contra o Fortaleza onde a vitória era certa após 2 gols a nosso favor, fazendo o pesadelo do rebaixamento ficar mais longe.
Bastaram 5 minutos para que Minas Gerais presenciasse o maior silêncio de sua história. O som do apito do árbritro fez com que os olhares tomassem diferentes direções. Uns olharam para o chão sem acreditar no que havia acontecido, outros olharam para o céu à espera de uma resposta, enquanto outros olharam para frente ainda confiantes no futuro.
Faltavam ainda algumas batalhas, e como a guerra parecia perdida, os valiosos astros fugiram para que os garotos formados naquele território, levassem a culpa quando fosse decretada a derrota.
Jogo após jogo, vitória após vitória, os garotos chegaram ao dia 27 de novembro a dois passos de conseguirem um renascimento histórico.
E aquela torcida que parecia não ter mais forças, compareceu aos milhares em campo, fazendo a vontade da alma que teimava em acreditar.
Cada minuto era eterno, cada lance era único e decisivo naquela tarde e um pênalti para o Vasco parecia o fim da linha para os alvinegros que já não possuiam forças sequer para cantar.
Romário, principal jogador da equipe carioca, dizia antes do jogo que não queria rebaixar o Galo do seu ídolo Reinaldo e dono de uma fantástica legião de seguidores.
Quando o baixinho foi para a bola, me lembro de um torcedor desmaiando antes dela chegar às mãos do goleiro Bruno.
Era a certeza de que tudo daria certo naquele dia.
Até que chegaram os minutos finais e muitos, como eu, já sem forças nos joelhos que estavam dobrados no chão, perceberam que era inevitável....
O Clube Atlético Mineiro estava rebaixado para a segunda divisão.
Os jogadores que cresceram no clube, choravam abraçados com os funcionários de décadas de serviços prestados ao Galo, ambos orgulhosos dos jovens que lutaram com tanta força até onde puderam.
E quando todos achavam que a derrota traria fraqueza aos que estavam na arquibancada, iniciou-se o hino de uma forma que o Mineirão jamais havia presenciado.
Um "Nós sómos do Clube Atlético Mineiro. Jogamos com muita raça e amor" veio acompanhado de lágrimas de idosos, crianças, homens e mulheres que não tiveram vergonha alguma de chorar, pois enquanto as lágrimas lhe corriam a face, puderam ver naquele momento que era verdadeiro todas as vezes que juraram ser "Uma vez até morrer".
Vi também um filho chorando nos ombros do pai, agradecendo por ter aprendido a amar o Galo, então entendi que meu time estava acima de uma divisão. Os que pensaram que aquele
dia encerraria as páginas de glórias do Atlético, se enganaram.
O dia 27 de novembro de 2005 mostrou que esse Galo Vingador é Forte de diferentes maneiras. Houve força na vontade, na luta, nas lágrimas e nos aplausos, criando uma armadura para aqueles jovens iniciarem uma grande história em 2006.
A história de um Galo Fênix.
