O dom da vida alvinegra

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20/10/2009 - 17:14

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Que Minas possui milhões de atleticanos, todos sabem, mas nem todos param para observar o mundo e ver a variedade de personagens que há no universo alvinegro.
Cresci em uma família que sempre se mudava muito de cidade, e com isso pude conhecer muitos cantos de Minas Gerais. Foi passando o tempo e a idéia de rodar por aí me agradou, mas como nossa condição financeira nunca foi das melhores, adaptei-me para a vida de carona, onde eu podia passar por cidades sem muito gasto.
Hotéis, carros, restaurantes e outras regalias, tornam uma viagem confortável, mas limita um pouco do conhecimento humano do local. E foi assim nas minhas andanças sem grana que eu fui conhecendo pessoas maravilhosas por onde eu passsava.
Foi crescendo também a paixão pelo Atlético, e meus olhos passaram a dar mais atenção nas cenas alvinegras que me atropelaram nas estradas.

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Pelas viagens, e pela profissão, conheci pessoas que viviam na miséria, planejando num dia, como daria de comer aos filhos no outro. Pais de família que o único bem que poderiam dar aos filhos era a educação, a fé e o amor ao Galo.
Foram muitas crianças que apesar da vinda empoeirada, não continham o sorriso ao dar o grito de Galo. Homens que com tanto sofrimento, recebem cada vitória como o diploma que nunca tiveram.

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E no país da diferença social, convivi também com magnatas, pois com o papo de mineirinho, entrei em shows, festas e recepções da alta sociedade sem um centavo no bolso.
E entre tantas personalidades e empresários, os atleticanos eram os que mais anseavam o fim da festa, para que no fim de noite pudessem tirar seus ternos importados e colocar a popular camisa alvinegra.
Pais que deixarão para seus filhos tantos bens em testamento, mas que terão como maior reconhecimento, a herança do sangue alvinegro.

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E quando parei um tempo de viajar, trabalhei em uma unidade de saúde em Caratinga, interior de Minas Gerais. E novamente o mundo atleticano abria a porta de experiências para mim.
Recebi de uma menina que vivia em uma cadeira de rodas, um quadro com o escudo do Galo, pintado por ela, mesmo com todas as dificuldades de se movimentar.
Doentes acamados no limite da dor, eram anestesiados por um instante quando eu dizia: -"Calma cara! Aguenta aí que um dia você ainda verá o Marques de volta por aqui."

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Era voltar para a estrada que eu percebia que se o mundo não fosse atleticano, pelo menos eram os alvinegros que faziam ele girar.
Algumas vezes pelos jovens alucinados, que no auge dos seus dias, usavam o preto e o branco para fazerem suas cabeças. Outras vezes com idosos que juraram não ter mais amor pelo Atlético e que nunca mais o acompanhariam, mas que não seguravam lágrimas ao lembrar do time saindo abraçado após a derrota de 77. Vi que eram almas atleticanas com feridas sem cicatrizar, que viviam num país de corrupção, mas que sua maior revolta eram os homens que haviam dirigido o clube sem honestidade.

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