Aproveitando a pausa para a Copa do Mundo, o Cam1sa Do2e posta alguns textos que já passaram por aqui em outros carnavais. Como a organização do Bolão tem tomado tempo, minhas férias virtuais não estão sendo das mais tranquilas.
Sendo assim, seguimos com nossa sessão "Vale a pena ler de novo". Hoje, o texto, "O dom da vida alvinegra", conta um pouco do que vivi nos meus quase 25 anos de vida.
Que Minas possui milhões de atleticanos, todos sabem, mas nem todos param para observar o mundo e ver a variedade de personagens que há no universo alvinegro.
Cresci em uma família que sempre se mudava muito de cidade e com isso pude conhecer muitos cantos de Minas Gerais. Foi passando o tempo e a idéia de rodar por aí me agradou, mas como nossa condição financeira nunca foi das melhores, adaptei-me para a vida de carona, onde eu podia passar por cidades sem muito gasto.
Hotéis, carros, restaurantes e outras regalias, tornam uma viagem confortável, mas limita um pouco do conhecimento humano do local. E foi assim nas minhas andanças sem grana que eu fui conhecendo pessoas maravilhosas por onde eu passava.
Foi crescendo também a paixão pelo Atlético e meus olhos passaram a dar mais atenção nas cenas alvinegras que me atropelaram nas estradas.
Cresci em uma família que sempre se mudava muito de cidade e com isso pude conhecer muitos cantos de Minas Gerais. Foi passando o tempo e a idéia de rodar por aí me agradou, mas como nossa condição financeira nunca foi das melhores, adaptei-me para a vida de carona, onde eu podia passar por cidades sem muito gasto.
Hotéis, carros, restaurantes e outras regalias, tornam uma viagem confortável, mas limita um pouco do conhecimento humano do local. E foi assim nas minhas andanças sem grana que eu fui conhecendo pessoas maravilhosas por onde eu passava.
Foi crescendo também a paixão pelo Atlético e meus olhos passaram a dar mais atenção nas cenas alvinegras que me atropelaram nas estradas.
Pelas viagens e pela profissão, conheci pessoas que viviam na miséria, planejando num dia, como daria de comer aos filhos no outro. Pais de família que o único bem que poderiam dar aos filhos era a educação, a fé e o amor ao Galo.
Foram muitas crianças que apesar da vinda empoeirada, não continham o sorriso ao soltarem o grito de Galo. Homens que com tanto sofrimento, recebem cada vitória como o diploma que nunca tiveram.
Foram muitas crianças que apesar da vinda empoeirada, não continham o sorriso ao soltarem o grito de Galo. Homens que com tanto sofrimento, recebem cada vitória como o diploma que nunca tiveram.
E no país da diferença social, convivi também com magnatas, pois com o papo de mineirinho, entrei em shows, festas e recepções da alta sociedade sem um centavo no bolso.
E entre tantas personalidades e empresários, os atleticanos eram os que mais ansiavam o fim da festa, para que no fim de noite pudessem tirar seus ternos importados e colocar a popular camisa alvinegra.
Pais que deixarão para seus filhos tantos bens em testamento, mas que terão como maior reconhecimento, a herança do sangue alvinegro.
E entre tantas personalidades e empresários, os atleticanos eram os que mais ansiavam o fim da festa, para que no fim de noite pudessem tirar seus ternos importados e colocar a popular camisa alvinegra.
Pais que deixarão para seus filhos tantos bens em testamento, mas que terão como maior reconhecimento, a herança do sangue alvinegro.
Quando parei um tempo de viajar, trabalhei em uma unidade de saúde em Caratinga, interior de Minas Gerais, onde novamente o mundo atleticano abriria a porta de experiências para mim.
Recebi de uma menina que vivia em uma cadeira de rodas, um quadro com o escudo do Galo, pintado por ela, mesmo com todas as dificuldades para se movimentar.
Doentes acamados no limite da dor, eram anestesiados por um instante quando eu dizia: -"Calma cara! Aguenta aí que um dia você ainda verá o Marques de volta por aqui."
Recebi de uma menina que vivia em uma cadeira de rodas, um quadro com o escudo do Galo, pintado por ela, mesmo com todas as dificuldades para se movimentar.
Doentes acamados no limite da dor, eram anestesiados por um instante quando eu dizia: -"Calma cara! Aguenta aí que um dia você ainda verá o Marques de volta por aqui."
Era voltar para a estrada e eu percebia novamente que se o mundo não fosse atleticano, pelo menos eram os alvinegros que o faziam girar.
Algumas vezes pelos jovens alucinados, que no auge dos seus dias, usavam o preto e o branco para fazerem suas cabeças. Outras vezes com idosos que juraram não ter mais amor pelo Atlético e que nunca mais o acompanhariam, mas que não seguravam lágrimas ao lembrar do time saindo abraçado após a derrota de 77. Vi que eram almas atleticanas com feridas sem cicatrizar, que viviam num país de corrupção, mas que sua maior revolta eram os homens que haviam dirigido esse clube sem honestidade.
Algumas vezes pelos jovens alucinados, que no auge dos seus dias, usavam o preto e o branco para fazerem suas cabeças. Outras vezes com idosos que juraram não ter mais amor pelo Atlético e que nunca mais o acompanhariam, mas que não seguravam lágrimas ao lembrar do time saindo abraçado após a derrota de 77. Vi que eram almas atleticanas com feridas sem cicatrizar, que viviam num país de corrupção, mas que sua maior revolta eram os homens que haviam dirigido esse clube sem honestidade.
Hoje quase não viajo pelas curvas das estradas mineiras. Em pouco mais que duas décadas de vida, pude aprender que um clube, um esporte, um time podem não fazer muito sentido para muitos.Difícil é explicar isso para os que tem suas dores amenizadas, suas vidas preenchidas, uma recordação gostosa e a sensação de um amor eterno.
Que os lúcidos procurem explicação para isso enquanto eu continuo a conhecer mais Zés, Antônios, Marias, Anas..... Que me fazem ver que o bom da vida não é ser imortal, e sim viver intensamente UMA VEZ, até morrer.
Que os lúcidos procurem explicação para isso enquanto eu continuo a conhecer mais Zés, Antônios, Marias, Anas..... Que me fazem ver que o bom da vida não é ser imortal, e sim viver intensamente UMA VEZ, até morrer.
ABRAÇO NAÇÃO!
Fael Lima
www.twitter.com/cam1sado2e